[coLUna] #4: aonde foram parar nossas sinapses de moda?

uma reflexão sobre se vestir bem versus vestir-se de si mesma.

“Eu vi Cady Heron usando calça camuflada e chinelos, então eu comprei uma calça camuflada e chinelos.”

Eu sei que queremos estar todas juntas na mesa das meninas legais e, desde que o mundo é mundo, a busca por pertencimento faz parte do ser humano. Mas “qual foi a última vez que você comprou uma peça de roupa porque gostou, e não porque viu outra pessoa usando?” Esse questionamento atravessou a tela do meu celular nas últimas semanas e, desde então, não saiu dos meus pensamentos. 

No auge dos meus trinta e um anos e, portanto, depois de enfrentar todas as inseguranças da adolescência e do início complicado da vida adulta (os trinta são mesmo melhores que os vinte, acho), eu, por vezes, ainda me considero uma “fashion victim”, embora não necessariamente isso seja sempre ruim.

Faz parte de mim querer experimentar novas tendências e usar da moda para expressar meus sentimentos, que mudam tanto quanto o dia marcado no calendário. Talvez você se identifique em um dos estilos universais por aí, ou talvez seja como eu: cada dia seu estilo é um. 

Mas mesmo quando a gente se encaixa nesse segundo grupo de pessoas, aquele em que o estilo é um mix and match de sentimentos e pensamentos absolutamente confusos e conflitantes, há uma coerência natural (que às vezes repousa até na incoerência) fruto de simplesmente sermos quem somos. Existem, afinal, aquelas peças por meio das quais nos sentimos nós mesmas, e aquelas que nos fazem sentir verdadeiramente fantasiadas. 

Ao menos em tese, costumo pensar que isso acontece porque muito do que a gente veste é (ou deveria ser) parte do repertório complexo que construímos ao longo dos anos. Os filmes que mais gostamos, traços da nossa personalidade, um sofá favorito, o prédio da esquina que já ocupou toda a memória do celular e ainda assim merece sempre mais uma foto… tudo isso constrói, além de memórias, estilo.

Apesar de todas as camadas dessa construção e, com o boom do mundo inteiro ao alcance das nossas telas de celular, se vestir bem ficou muito mais fácil. Se vestir de si mesma, a contrafluxo, ficou muito mais difícil. É que, no dia a dia de uma vida real, é muito mais fácil reproduzir uma pasta do Pinterest chamada “looks” e recheada de ideias copiadas e coladas um milhão de vezes. Fórmulas prontas têm essa mágica: funcionam.

Fonte: Pinterest

Ao menos, estavam funcionando. Até que, do lado de cá (e eu suspeito que daí também), começamos a nos sentir menos nós mesmas e parecidas (até demais) umas com as outras. Como num passe de mágica, lembrei: não é porque Cady Heron usou calças camufladas, que também precisamos usar. Nem mesmo se Regina George usasse calças camufladas.

Na verdade, e se (não matem essa utopia!) nós voltássemos a usar os looks de outras pessoas apenas como referência, mas não mais como um guia definitivo de como queremos nos vestir? 

Nesse ponto, eu não quero me deixar levar pela minha personalidade absolutamente nostálgica que já citou um filme dos anos 2000 duas vezes e nem entrar no discurso de “na minha época as coisas eram melhores”, porque verdadeiramente adoro viver nos dias de hoje. Mas o uso da internet - especialmente dos blogs de moda - era realmente melhor quando do início do movimento. 

Vem cá. Pegue seu EPI. Vamos entrar num túnel do tempo agora. 

O ano era 2012. Jovens de todo o Brasil (e do mundo) acompanhavam as primeiras blogueiras que surgiram - entre elas, as minhas favoritas da época: Chiara Ferragni (The Blonde Salad, 2009), Nati Vozza (Glam4You, 2009), Luísa Accorsi (2010), Thereza Chammas do Fashionismo (2008) & Carla Lemos do Modices (2007). 

Fonte: The Blonde Salad (blog)

Em alguns canais, acompanhávamos o quadro “look do dia”, que vinha acompanhado não de imagens fantasiosas, mas (imaginem que loucura!) do próprio look do dia. Aquele que elas usaram para ir a um aniversário, jantar ou saída com as amigas. Voilà! O efeito influenciadora fazia o seu papel: procurávamos, em nossos armários e em lojas que faziam parte da nossa realidade, itens parecidos para reproduzir a ideia do look. Ou, melhor ainda, nossa própria imaginação nos permitia criar imagens únicas a partir das referências, tudo por nós mesmas.

Acompanhávamos red carpets e o street style como forma de construção: “o que eu gosto aqui? Como posso incorporar isso no meu contexto?”

Hoje, e peço perdão pelas generalizações excessivas, o look do dia vem quase sempre acompanhado da pergunta: “qual o ID?”. Como se não existissem peças que não estão à venda, porque estão sendo repetidas à exaustão. Como se pudéssemos comprar nosso estilo na SHEIN, na Zara ou no armário de alguém com a realidade completamente diferente da nossa.

Mas o que aconteceu com revirar o armário atrás da produção perfeita? Aonde foram parar nossas sinapses do mundo da moda?

Acho que estamos procurando no lugar (ou no armário) errado. Patricia Field (a stylist de produções conhecidas pelos looks como Sex And The City e o Diabo Veste Prada) disse em uma entrevista do ano passado, a respeito do documentário Happy Clothes, que “o mais importante é como você se expressa na forma em que se apresenta – e você não se apresenta por aquilo que uma revista ditou. (...) Precisa vir de você.” (tradução livre).

Fonte: Pinterest

Com tantas Reginas e camisetas recortadas para mostrar o sutiã surgindo a cada dia em vídeos rápidos, fica mesmo muito difícil não se perder. Mas talvez essa seja a única forma de reencontro: investir esforço em sermos nós mesmas – e nos vestirmos de tudo aquilo que importa (além das tendências, que também são deliciosas): a rua mais bonita do bairro, a blusa que é uma herança de família absolutamente única e a playlist do spotify que toca no modo “repeat”. Olhar para dentro talvez seja a única equação capaz de garantir que não vamos errar ou que, no mínimo, vamos errar com muita personalidade – e com sorriso no rosto.

Fonte: Meninas Malvadas (filme) | Reprodução

Sinapse concluída. Amanhã prometo olhar para mim antes de abrir o Pinterest.

nota da redação: se você gostou da news de hoje, você PRECISA acompanhar a coluna mensal da Lu no nosso blog, a coLUna! Você pode ler todos os textos que a Lu já publicou clicando aqui e também acompanhar ela no Insta e Tiktok💛🧈 

Toc, Toc! Tem alguém ai? 🚪👀 

Hello, Ari 🩶 Conta pra gente, quais são as 3 coisas que estão alugando um TRIPLEX na sua cabeça nos últimos tempos?

helloo, eu sou a ari :) o mix de uma uma jovem fashion designer, crochetteira, taurina e metaleira!

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H&M BR

Essa notícia alugou um triplex na nossa cabeça!!! A marca H&M oficialmente está chegando em terras brasileiras, com lançamento para o dia 23 de agosto. A marca vai inaugurar sua primeiríssima loja no país, mais precisamente no Shopping Iguatemi São Paulo.

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