- Newsletter da Zelia
- Posts
- [coLUna] #8: missão natal
[coLUna] #8: missão natal
meu próprio guia “anti-grinch” da vida adulta
Não é você. Também não sou eu: a culpa é de Dezembro, das luzes piscando, dos shoppings lotados e da energia (que eu não sei explicar) dessa época do ano.
Entre “Esqueceram de Mim” e a minha mais nova playlist favorita no Spotify, o fim desse ano despertou em mim um sentimento que, de tão familiar, já é quase um amigo: a nostalgia. Mais especificamente, a nostalgia pelos Natais que ficaram para trás, cheios da magia que só pertencem (ao menos era o que eu pensava) às crianças.
Quase como na emblemática cena de De Repente 30, eu desejei, nas últimas semanas, ter sete anos e joguei esse pedido ao universo, com muita fé e vontade de escrever uma cartinha que traria até mim todos os meus sonhos mais preciosos.
E foi exatamente isso que aconteceu.
No mundo das minhas lembranças, o Natal tem o cheiro de farofa com muita manteiga, do perfume da minha avó chegando da missa e o som da voz dela cantando Noite Feliz. Tem, no tato, a sensação de desembrulhar um trailer da Barbie que, cuidadosamente, meu pai deixou na lareira de forma absolutamente secreta. Tem a cara dos enfeites dourados da árvore de Natal que eu esperei o ano inteiro para montar.
Aos poucos, à medida que eu cresci, meus primos cresceram, nossos avós não estão mais aqui, tudo perdeu um pouco (para não dizer completamente) o brilho. E, até então, a minha ideia era de que, quando meus filhos chegassem, tudo voltaria a brilhar.
Até 2025. Sem filhos, mas com uma necessidade urgente de ver e viver, por mim mesma, esse brilho, eu tomei uma atitude. Essa é a minha história a la Grinch, um pouco ao contrário: meu próprio “Como a Luciana recuperou o Natal”.

Passo número um: fiz o download de todas as músicas de Natal possíveis e me propus a tomar café em canecas natalinas todos os dias. Como um lembrete para mim mesma de que o Natal está chegando. Assisti filmes e episódios de séries temáticas, tudo conforme mandam os guias natalinos da minha mente.
Me permiti comprar um chocotone para comer no café da manhã até que voilà! Eu estava pronta para um compromisso mais sério: comprei minha primeira árvore de Natal da vida adulta.
São dois metros e quarenta centímetros de puro espírito natalino. Amarrei lacinho por lacinho para construir a minha obra-prima e cada passo dessa jornada me reconectou com a Luciana que eu tanto desejei: a menina de seus seis ou oito anos de idade, empolgada para arrumar a árvore de Natal e os presépios na casa da avó. Mais de vinte anos e um vestido laranja da Lilica Ripilica me separam dessa versão de mim mesma, mas percebi que, procurando com cuidado, ela ainda está aqui.

Apaguei a luz e acendi meu mais novo pisca-pisca de vinte metros (aqui eu sou tudo ou nada). Sem querer, acabei acendendo também algo que eu não sabia que ainda estava aqui: é realmente Natal no meu 2025.
Fechei os olhos. O Natal, nas minhas memórias, tem também o som das orações da minha avó, das gargalhadas dos meus tios, dos abraços dos meus pais, das madrugadas vendo filmes com meu irmão. Não é (só) sobre ser criança. É sobre pessoas. Sobre buscar, pouco a pouco, o melhor que existe em nós. Estar presente para o outro.
A verdade é que com árvore ou sem decoração nenhuma, Dezembro chega nos convidando a refletir apesar do caos e às vezes no meio dele. “It 's beginning to look a lot like Christmas...” (“está começando a se parecer muito com o Natal” tradução livre) e eu me sinto pronta para viver cada detalhe dessa experiência. Missão cumprida, mas, caso você ainda precise de uma ajudinha, eu sugiro começar por essas músicas, lado a lado com uma caneca de papai Noel. E então, é Natal.

Reply