[lado C] #1: descobri que vou ser adulta pelo resto da minha vida

Se o Lado A de um disco é o que todo mundo escuta, e o Lado B é para quem gosta de raridades, o Lado C é onde eu guardo minhas confissões… E agora vocês tem acesso a ele! 💿

Tem uma trend rolando que fala sobre o quanto a nossa “eu criança” acharia o máximo se visse quem nos tornamos! E aí outro dia pensei em como minha criança interior ficaria chocada com algumas coisas da minha vida adulta. Primeiro: eu não virei atriz da Disney, como jurava aos 9 anos. Segundo: eu posso livremente comer Mc Donalds quando sinto vontade. Terceiro: aos 27, continuo sem saber “o que quero ser quando crescer”. Cresci e não descobri. Será que mesmo assim eu dou orgulho a ela?

Quando eu era criança eu queria resposta pra tudo. Quando eu fiquei adolescente, eu tinha certeza de tudo. Completando 27 - mais precisamente há uma semana - eu percebi que a única resposta que eu tenho é que as certezas não existem.

Lá pelos meus 15 anos eu jurava que a vida adulta era um destino óbvio, que existia uma checklistsecretauniversal que todo mundo seguia: faculdade, sucesso, um amor que daria certo na primeira tentativa, viagens internacionais com dinheiro próprio, casa própria, talvez até filhos se eu quisesse. Eu não sei te dizer exatamente de onde tirei essa confiança… Talvez dos filmes de sessão da tarde, da pressão silenciosa da sociedade, ou só da arrogância da juventude mesmo.

O fato é que aniversários SEMPRE me deixam meio melancólica. Principalmente porque eles me lembram que algumas versões minhas que ficaram pra trás. Meio como que cada idade fosse organizar um velório íntimo pras meninas que ficaram pelo caminho. me despeço de quem fui, agradeço pelas histórias, e sigo com a próxima. Vocês já se sentiram assim? Como se estivessem de luto por vocês mesmas?

Penso que Fernando Sabino sabia exatamente o que tava falando quando disse que “o diabo desta vida é que entre cem caminhos temos que escolher apenas um, e viver com a nostalgia dos outros noventa e nove”. Que trajeto tortuoso e divino é perceber que, independente das nossas escolhas, VAMOS SER ADULTAS PRA O RESTO DA VIDA (sos) e que bonito pensar que todas as versões da gente nos trouxeram até aqui.

Ao mesmo tempo que me preocupa pensar que eu nunca mais vou ser tão desocupada como eu era na adolescência, fico imersa em gratidão por lembrar que já realizei diversos sonhos de infância. Faço isso mais por ela, do que por mim. Faz sentido pra você?

Uma filósofa que admiro muito (Taylor Swift) disse uma vez que a vida pode ser pesada, especialmente se você tenta carregar tudo de uma vez. Parte do crescimento e da mudança para novos capítulos da sua vida é sobre pegar e soltar. É saber quais coisas manter e quais coisas liberar.

@gihgicah

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Se a gente insiste então em permanecer mais tempo do que deveríamos em uma fase, perdemos a beleza e o sentido de outras etapas que precisamos viver. No fim, acho que crescer não é abandonar a doçura da infância e o fervor da adolescência. É continuar pisando nesse chão instável, tropeçando entre lembranças e aceitando que a vida não dá pausa pra gente se curar. A gente se cura vivendo.