Seriam as microtendências apenas mais uma microtendência?

Na news de hoje vamos falar um pouco sobre a ascensão e o declínio das microtendências 👀

O ano era 2020. Você tinha acabado de passar álcool em gel nos ingredientes que comprou pra fazer o rigatoni alla vodka que a Gigi Hadid postou e resolveu baixar aquele aplicativo que tá todo mundo falando, o Tiktok. Você começa a assistir os vídeos e depois de aprender a dancinha de Say So, sua FY page começa a te mostrar alguns vídeos sobre estilos que você nunca tinha ouvido falar, mas ficou imediatamente obcecada: cottagecore, coconut girl aesthetic, dark academia, vanilla girl, e por aí vai….

Fonte: Pinterest

E, de repente, você se vê imersa naquele mundinho (para fins ilustrativos, vamos de cottagecore mas insira aqui sua aesthetic favorita): todas as roupas, cosméticos e itens de decoração que você quer comprar passam a vibe de uma camponesa que vive de subsistência no interior da Inglaterra, daquelas que tem uma horta gigante no quintal e produz até mesmo o seu próprio queijo. 🧀 Você até começa a se aventurar com umas receitas!!!! Sua pasta no Pinterest está TOTALMENTE dominada por vestidos florais, patinhos nadando no meio de rosas, fotos de cestas de picnic ao ar livre e casas que parecem um chalézinho pequeno, rodeadas de natureza e cheias de personalidade. 🌳 

And just like that, você se vê transportada para esse mundo de fantasia, mas a realidade não poderia ser mais diferente: você estava literalmente enfrentando uma assustadora p@and&mi@ global, isolada dentro de casa com seu vestidinho floral estilo cottagecore, com pouquíssimo contato com a natureza, ouvindo folklore da Taylor Swift enquanto comia aquele banana bread que você tentou fazer e meio que deu errado.

Fonte: Pinterest

Beleza… passam alguns meses e agora, inspirada no tanto de comédia romântica que você assistiu, o sonho agora é “abandonar a vida no campo” e mergulhar na aesthetic de uma universitária que estuda naquelas faculdades que mais parecem um museu, tipo Oxford ou a Universidade de Chicago. Óculos com armações grossas, saias plissadas, suéteres de cashmere… “aliás, vocês viram que aquela Hailey Bieber usou saia plissada na semana passada?

…parece familiar?

A história que acabamos de contar é uma pequena ilustração da influência que as microtendências tiveram no comportamento da nossa sociedade nos últimos anos. Mas se engana quem pensa que microtendência é uma coisa nova, muito pelo contrário.

Mas o que exatamente é uma microtendência?

As tendências são geralmente divididas em duas categorias: macrotendências, que associamos a décadas específicas e que mantêm sua popularidade por um período de 5 a 10 anos, e microtendências, que surgem e desaparecem rapidamente, muitas vezes impulsionadas pelas redes sociais e pelo consumo acelerado de moda. Enquanto as macrotendências têm uma base cultural e histórica mais sólida, as microtendências são caracterizadas por serem específicas e focadas em nichos, e normalmente duram apenas alguns meses ou até semanas.

Fonte: Pinterest

A partir de 2020, com a ascensão do TikTok, tivemos o boom das microtendências justamente pela capacidade delas se tornarem virais e se espalharem com uma velocidade sem precedentes no mundo inteiro. De repente, uma estética antes restrita a um pequeno grupo se tornava global em questão de dias.

Parte desse fenômeno pode ser explicado pelo impacto emocional das microtendências. Elas criam uma sensação de pertencimento, uma ilusão de comunidade: se todo mundo está usando, você também quer. Ver uma celebridade como Hailey Bieber usando uma determinada saia ou batom faz parecer que você também pode ter um pedacinho daquele estilo de vida. Especialmente quando estamos falando de itens que são um pouco mais acessíveis, como acessórios ou cosméticos.

E faz TODO sentido, né? Em um ano como 2020, tudo que a gente queria era essa sensação de que não estamos isolados do mundo, e também uma espécie de escapismo da dura realidade que todos nós estávamos enfrentando. As microtendências surgiram como uma espécie de refúgio nesse período tão conturbado. ❤️‍🩹 

Mas não estamos mais em 2020, e precisamos de conversar sobre o que aconteceu de lá para cá - e isso vai muito além das microtendências em si (agora é a hora perfeita para você pegar um cafézinho pra acompanhar a loucura que vai ser esse #tbt que vamos fazer). ☕️ 

Fonte: Giphy

Pegou o cafézinho? Então vamos lá.

Antes de 2020, o Meta/Instagram/Facebook reinavam absolutos. Mas com a chegada do Tiktok, tudo mudou. Com um novo competidor de peso brigando pelo bem mais valioso (que é a atenção e o tempo de tela dos usuários), começou uma disputa acirrada entre as plataformas.

E quando pensamos no que faz uma plataforma de redes sociais ter uma experiência melhor do que a outra, isso está muito ligado não só à qualidade do conteúdo que é postada em cada uma, mas também ao alcançe desse conteúdo. É simples: ganha quem tiver o melhor algoritmo.

E como a gente chega no melhor algoritmo? Mostrando cada vez mais conteúdo que a pessoa gosta. Então se você assiste um vídeo falando da mais nova aesthetic cottagecore até o final, você provavelmente vai receber vários outros vídeos falando do mesmo assunto e, quando se der conta, TUDO que aparecer na sua tela vai ser relacionado a isso.

Assim, de 2020 para cá, as redes sociais passaram a ter um papel muito ativo na curadoria do conteúdo que é exibido para os usuários.

Esse pump constante de conteúdos e microtendências virais acaba criando um aumento na demanda pelos produtos. E o que o mercado faz quando temos um aumento na demanda? Tenta aumentar também a oferta para conseguir suprir essa demanda.

💖 como não queremos que o texto fique muito pesado e acabamos de falar de microeconomia tomem aqui uma foto de filhotes de cachorrinho para trazer mais leveza, prometemos que vocês vão AMAR onde isso tudo vai chegar!!! 💖 

Fonte: Pinterest

O problema em aumentar a oferta “do neida” é que a indústria da moda é extremamente complexa!!!! Pensa só: o fabricante do tecido vai ter que ter o tecido para fazer aquela peça naquela cor, depois vai ter que ser desenvolvida uma modelagem, depois as peças vão ter que ser confeccionadas e só aí estão disponíveis para serem vendidas. E em se tratando de marcas globais, fora a toda a logística interna, você ainda tem que adicionar o tempo do envio dessas peças de navio ou avião até os destinos finais.

Fonte: Pinterest

Se estamos pensando em tendências que vão nascer e ficas obsoletas em um período menor que 6 meses, é extremamente complicado para a maior parte das marcas conseguir acompanhar essas microtendências virais.

Por isso, o hype das microtendências impulsionou o fast-fashion a um novo patamar, justamente porque o fast-fashion é um dos poucos modelos de negócio que é estrturado para acompanhar mudanças tão velozes, já que conseguem reproduzir essas estéticas quase em tempo real. Empresas como Shein, Zara e Cider começaram a produzir coleções relâmpago, com roupas inspiradas em cada nova febre da internet antes mesmo que os consumidores percebessem que estavam desejando aquilo.

fonte: Pinterest

A combinação de algoritmos das redes sociais + fast fashion criaram uma dinâmica viciante: assim que uma microtendência se esgota, já surge outra para ocupar seu lugar, mantendo uma espécie bizarra de ciclo infinito. A impressão que temos é que cada dia aparece uma nova microtendência: mob wife, coquette, brat, clean girl, tomato girl, balletcore, office siren... E antes que você consiga processar, já surge outra.

O resultado disso é que as pessoas estão ficando cada vez mais com a sensação de que “tá todo mundo usando a mesma coisa” e que esses algoritmos estão podando a noção de estilo individual, nos deixando reféns de uma sucessão interminável de microtendências sem coerência entre si.

A velocidade com que esses ciclos mudam deixou todo mundo exausto: parece impossível para a nossa cabeça, para o nosso bolso e para o meio ambiente (!!!!) acompanhar tantas mudanças - e será que a gente quer mesmo acompanhá-las? Chega um ponto que tudo parece um grande cosplay da internet.

“Acho que microtendências é só um modo de criar conteúdo viral. Uma modinha passageira para gerar likes. Mas isso só confunde as pessoas. Tem gente que até hoje não conhece o próprio estilo e vive mudando de personalidade só pra se encaixar. Saudade dos DIY”

Patty Moreira, no grupo de whatsapp das zeliers

Tudo isso cria uma espécie de tempestade perfeita para o fenômeno que estamos vendo hoje: o declínio das microtendências. Ou, pelo menos, da forma com a qual as consumimos.

Se, lá em 2020, ficar online era tudo que tínhamos, agora em 2025 estamos vivendo a chamada “post-brainrot era”, na qual as experiências offline estão substituindo as digitais como símbolo de status. Aliás, uma das nossas primeiras newsletters do ano falava justamente sobre o offline ser o novo luxo!

Com isso, vestir-se de acordo com cada microtendência que surge começa a ser visto quase como um símbolo de low status, um atestado para o mundo de que você é cronicamente online, que não tem vida fora das redes sociais. E, como tudo na moda é cíclico, a tendência é vermos cada vez mais roupas com aspecto básico e atemporal (alô The Row e o desfile recente da Prada na PFW!).

Prada FW25 | Instagram | Reprodução

Esse mesmo movimento também está acontecendo na beleza, com o novo luxo sendo fotografias de produtos realmente usados e não apenas acumulados, e até mesmo na arquitetura, com arquitetos valorizando fotos de casas "usadas", bagunçadas, cheias de personalidade real.

Para as marcas, o desafio agora é criar conteúdo que as pessoas realmente queiram engajar e assistir, não apenas surfar na onda do último meme ou aesthetic viral. E, mais do que nunca, é o grande momento da autencidiade e individualidade brilharem ✨ 

Não nos levem a mal: nós já usamos e falamos muito de microtendências virais, e seria ingênuo negar a importância que elas tiveram como movimento na indústria da moda. Mas ver o ponto em que a obsessão pelas microtendências chegou nos faz refletir sobre a forma com que as pessoas se relacionam com a moda.

Na nossa opinião, esse declínio das microtendências como as conhecemos é muito mais do que uma mudança de gosto: é um reflexo de um desejo maior de autoconhecimento. Estamos vendo um movimento de redescoberta do estilo pessoal, de compreender tão bem quem você é e o que você gosta, que suas escolhas de moda passam a girar em torno da sua identidade, e não de algo imposto por um algoritmo ou por um comportamento de manada. 🦋 

“Confesso que esse foi o motivo que eu parei de consumir Tiktok e até o Pinterest. Óbvio que como uma amante de moda eu gosto sempre de me informar, mas eu sinceramente não sabia mais diferenciar até que ponto eu gostava das coisas por mim ou pelos outros, e isso sobre tudo na vida. Comecei a usar vermelho e marrom, do nada o mundo todo começou a usar vermelho e marrom - mas será que eu comecei pelos outros ou isso foi algo geral? Simplesmente não conseguia mais diferenciar, sinto que perdia minha originalidade. A mesma coisa aconteceu com hobbies: comecei a procurar novos hobbies e hoje a internet só fala nisso - até que ponto eu sou eu ou o outro?

Isabella Aragão, no grupo de whatsapp das zeliers

Toc, Toc! Tem alguém aí? 🚪👋 

Oi, pessoal!! Sou formado em Moda pela FAAP e autor do TCC, “O Grito do Eu”, onde exploro a moda como expressão de identidade. Meu estudo analisa como as roupas comunicam quem somos, refletindo influências sociais e processos de autoconhecimento, partindo das minhas experiências pessoais, investigo o impacto da moda na construção da identidade, questionando o equilíbrio entre autenticidade e adequação social - Enxergo a moda além das tendências, considerando-a uma ferramenta de comunicação e transformação pessoal.

Hello, Matheus!! 🖤 Conta pra gente, quais são as 3 coisas que estão alugando um TRIPLEX na sua cabeça nos últimos tempos?

Os seus highlights preferidos do mundinho fashion desta semana! Clicando no botão abaixo você confere todas as notícias. 💖 💊

Louis Vuitton entra no mundo da beleza com Pat McGrath

Agora é oficial! A Louis Vuitton anunciou o lançamento de sua tão aguardada linha de cosméticos, La Beauté Louis Vuitton, e ninguém menos que Pat McGrath assumirá a direção criativa. A maquiadora, que já faz história nos backstages da marca há mais de 20 anos, promete levar a estética inovadora para um novo patamar de luxo.

A coleção, que já está sendo desenvolvida há quatro anos, trará 55 batons, 10 balms labiais e 8 paletas de sombras, chegando a 116 lojas pelo mundo – incluindo o Brasil! Pat, que segue revolucionando o universo da maquiagem, descreveu a colaboração como uma nova era para a beleza de luxo.

Quem mais já está ansioso para ver essa união icônica? 👀✨

Adriana Lima na Vogue Brasil

De volta às passarelas e agora estampando a Vogue Brasil, a supermodelo celebra o retorno de Alessandro Michele à Valentino, vestindo um look do primeiro desfile assinado pelo estilista na maison.

Fotografada em Nova York, nossa it girl também veste produções icônicas da temporada de verão 2025 internacional, mostrando que sua presença continua imbatível! 

Tá precisando de ajuda com um look/ocasião?#Meajudazelia

É só mandar um e-mail para [email protected] com seu nome, idade, data e hora (se aplicável) e a ocasião que você precisa de um look que a gente te ajuda com o resto!

Até semana que vem! 💚

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