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[SINTO MUITO - 15/10] Na vida e no amor: todos querem ser DJs, ninguém quer dançar!
Se queremos tanto ser amados por que temos tanto medo de amar?
Essa semana, eu estive completamente obcecada por um print do Twitter. No ato mais Gen Z e cronicamente online que eu poderia ter, em plena semana do meu aniversário, eu encontrei o print de um ensaio do Médium em que alguém (que eu simplesmente não lembro o nome mas deixo aqui crédito total de uma ideia que não foi minha originalmente) afirmava: Todos querem ser DJs, ninguém quer dançar. E isso mudou completamente a minha visão do mundo.
Em resumo, se a gente encara a vida como uma pista de dança, ser o DJ seria assumir o protagonismo, a importância, o controle. Num mundo em que tudo está na palma das nossas mãos, deixar a vida nos levar - no melhor estilo Zeca Pagodinho - parece um pesadelo. E por isso a afirmativa de que ninguém quer dançar. Ninguém quer se deixar levar, sentir o ritmo, à la Madonna into the groove…
Por outro lado, essa portinha abriu a minha mente de aluna de humanas pra diversas indagações. E a música? E o bar? As bebidas? E os DJs que gostam de dançar? O ensaio era incrível mas realmente não foi a melhor leitura pra uma jovem de 20 anos que estava de inferno astral e coração partido.
Eu não parava de me perguntar: Quantas vezes na vida eu não me permiti dançar? Quantas vezes eu deixei que alguém assumisse o posto de DJ? E como eu podia tornar essa máxima que ocupava um triplex na minha mente o tema da minha próxima coluna?
Na segunda-feira, exatamente às 2 manhã, eu conversava com uma figura misteriosa cuja identidade não será revelada até o dia da minha morte. A gente falava sobre a faculdade, a vida, os relacionamentos, o passado, o futuro e o presente. E, em toda a sua “sabedoria de alguém que tem um ano a menos de existência que eu”, a figura me disse que eu tinha medo de me apaixonar! LOGO EU!
Mas afinal, será que a gente tem tanto medo assim de se permitir sentir? Será que os nossos amigos emocionados sabem o verdadeiro sentido da vida plena? Será que os DJs vivem mais felizes que as rainhas da pista?
Meu nome é Marcela Elis, eu sou a sua nova solteira favorita, e na coluna de hoje a gente vai falar sobre ter medo de se apaixonar.

Reprodução: Pinterest
Muitas vezes, eu me pego pensando em quais vão ser os filmes clássicos da nossa geração. Eu nunca vou esquecer a vez em que a minha mãe me fez assistir “Dirty Dancing” enquanto ela suspirava a cada passo do Patrick Swayze. E eu acredito fielmente que, daqui a 20 anos, eu vou fazer a mesma coisa com a minha filha. Assistindo “Para Todos os Garotos que Já Amei” enquanto ela revira os olhos de vergonha sobre os meus comentários sobre as covinhas do Noah Centineo.
Na minha versão de “Para Todos os Garotos que Já Amei” eu sou uma Lara Jean que odeia ficar com o quarto desarrumado, não sabe nada de coreano e escreve 3 cartas. Que provavelmente não seriam enviadas acidentalmente, mas numa noitada em que eu chego meio bêbada em casa.
A primeira é enviada pro meu primeiro crush. Eu estava no ensino fundamental, achava todos os garotos nojentos, era obcecada pelos filmes do Homem-Aranha e só entendi que eu gostava dele porque minhas amigas perceberam primeiro e começaram a me zoar. A graça da primeira paixão - e a parte mais assustadora dela - é entender que você tá crescendo. Que de repente os meninos não só coisas nojentas que não sabem jogar um futebol honesto na educação física. Que as piadinhas da tia dos namoradinhos podem sim se tornar realidade. De que você pode estar tão apaixonada por um menino que você assiste Supernatural todos os dias depois da aula só pra ter o que comentar no dia seguinte.

Reprodução: Pinterest
A motivação da minha segunda carta veio exatos 2 anos depois. No Ensino Médio. E por mais que essa fosse a segunda vez em que eu sentia mais do que um mero crushzinho em alguém, eu considero esse o meu primeiro amor.
Era mais do que o primeiro beijo, a primeira vez andando de mãos dadas, a primeira vez que meu coração palpitava tão rápido que eu achava que conseguiria escutar ele a qualquer momento. Era também a primeira vez que eu conhecia a minha mesma, que eu me permitia ser vulnerável. A primeira vez que os meus livros de romance soaram mais apaixonantes, as músicas da Taylor Swift soaram mais melodiosas e tempo de qualidade significava tanto passar horas conversando quanto horas em silêncio.
Ao mesmo tempo, essa também foi a primeira vez que eu aprendi que era uma ótima mentirosa, que pessoas mudam ao longo do tempo e que o amor faz a gente cruzar os nossos próprios limites. Na mesma época, eu também aprendi o que significava jejum intermitente e como contar calorias de forma obcecada. Foi a primeira e última vez em que pulei em algo de corpo inteiro sem pensar duas vezes. Fui deixando meus pedaços pelo caminho, por amor, e acabei saindo de lá sem nada, por amor também.
Ou melhor, quase nada… No final de tudo isso eu tinha uma caixa de mudança, um contrato de aluguel com um endereço no Rio de Janeiro, uma convicção de que o amor não presta e uma esperança de que eu estivesse completamente errada.

Reprodução: Pinterest
Na minha terceira paixão, em 2024, eu resolvi me manter em completo silêncio. Acho que essa é a única carta que nunca vai ser enviada. E você nunca vai saber o quanto eu gostei de você. O quanto as nossas piadas eram mais engraçadas, as músicas da Taylor Swift voltaram a fazer sentido e eu contava cada segundo em que a gente estava junto, torcendo pra que nada acabasse e eu pudesse tornar aqueles momentos eternos.
Você nunca vai saber nada disso porque eu tive medo de ser DJ. De tomar o risco e acabar escolhendo uma música do único gênero musical que não está na sua playlist. Você nunca vai saber que naquele dia depois do cinema eu chorei com o coração apertado. Você nunca vai saber que, quando meus amigos já estavam cansados de me ouvir falar, a minha chefe ouviu sobre você em plena fashion week. E que eu fiquei meses sem nem cogitar flertar com ninguém porque não queria que nada doesse como foi gostar de você em voz alta e, ao mesmo tempo, em silêncio. Eu acho que esqueci desse sentimento numa segunda-feira aleatória, num dia na academia, numa aula chata… E bem quando eu percebi que tinha passado, eu notei que foi paixão.

Reprodução: Pinterest
Long story short: I survived. E aqui nos encontramos. Eu - uma medrosa pro amor - escrevendo uma coluna de relacionamentos!
A verdade é que quanto mais eu paro pra pensar sobre a Geração Z mais eu concluo que nos falta coragem. A gente tem tanto medo de sentir as partes ruins do amor que as partes boas parecem não serem o suficiente pra compensar a aposta. E não me levem a mal: eu disse tudo isso mas continuo sendo uma das maiores críticas do termo “emocionado”.
Se tudo é “sentir demais” e tudo é sobre “não ser a pessoa que toma os riscos” onde entra a paixão? O amor à primeira vista? Os encontros do destino? As cartas da Lara Jean? Os casais que se conhecem na pista da dança?
No fim do dia, eu voltei pra casa às 3 da manhã completamente atormentada pelas palavras da tal figura misteriosa. Por que eu ainda tinha tanto medo de amar? A graça não era se jogar de corpo inteiro?

Reprodução: Pinterest
Eu queria muito trazer uma conclusão pra esse texto que fosse mais do que uma problematização das pistas de dança. Mas a verdade é que eu mesma ainda tenho medo de deixar a cabine do DJ.
Por isso, hoje eu encerro com um convite: pra que você, que me lê, me acompanhe na próxima noitada. A gente toma uma cerveja e dança sei lá o que estiver tocando na pista de dança, sem importar quem vai estar tocando - a gente dança porque quer e faz uma apresentação digna da Baby de “Dirty Dancing”.
(No after, eu te conto um segredo. De que essa nunca foi uma coluna de dança. De que eu sempre tive muitas esperanças no amor. De que a figura misteriosa não merece esse nome, já que quem desapareceu misteriosamente da vida dela nas última semanas fui eu. E de que eu me peguei dançando com meu all star azul às 3 da manhã na Rua das Laranjeiras.)
SOS CONSELHOS AMOROSOS 🚢

E é claro que uma coluna de relacionamentos não seria uma coluna de relacionamentos sem aquele momento #conselheira! Dos mesmos criadores do #MeAjudaZelia veio aí: #MeAconselhaLela ✨ (tá bom eu sei que esse nome é horroroso mas uma garota pode sonhar!)
Numa vibe “faça o que eu digo não faça o que eu faço”, todo mês nossa equipe vai selecionar uma Zelier que precise de um conselho sobre amor, relacionamentos, boys, “o que fazer quando seu ficante de 3 meses termina com você” - coisas genéricas assim - e que vai aparecer aqui no final da coluna!
Pra participar é só mandar a sua dúvida pro nosso e-mail ([email protected]) com o assunto “SOS Conselhos Amorosos”, dizendo nome, idade e se quer ser identificada(o)! 💌

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