Nos bastidores da SPFW - Zelia entrevista Bianca Rodrigues 💚

Na edição N59 da São Paulo Fashion Week, enquanto o desfile da Dendezeiro hipnotizava a plateia com sua estética incomparável e seu olhar afiado sobre a brasilidade, um detalhe roubava a cena (e o nosso coração): o acervo de bolsas em formatos inusitados - boto, capivara, siri - que flertavam entre o lúdico e o icônico. Não deu outra, foi amor à primeira vista.

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Por trás dessas criações está a mente (e as mãos) de Bianca Rodrigues, designer, modelista e confeccionadora de bolsas no Ateliê 26, em Recife (PE). Bianca é quem idealiza e executa, à mão e com maestria, cada peça que sai do seu ateliê. Seu trabalho artesanal ecoa identidade, criatividade e afeto, e é exatamente esse tipo de talento que a gente ama exaltar por aqui! É por isso que na newsletter de hoje, você confere o nosso papo com a Bianca sobre criação, processos e a potência de fazer moda com as próprias mãos!

Zelia Team: Como começou o seu relacionamento com a Dendezeiro e como foi ser chamada para desenvolver as bolsas para a SPFW?

Bianca Rodrigues: Então, meu relacionamento com a Dendezeiro começou em setembro do ano passado. Ele chegou até mim porque disse que assistiu meus vídeos e gostou muito da forma que eu desenvolvia e que eu mostrava meus projetos, que até então eram bolsas mais clássicas, né? Mais autorais, minhas, do meu ateliê… E eu tinha começado recentemente, há mais ou menos uns dois meses antes, eu tinha largado encomenda, eu fechei a minha agenda de encomendas e comecei a trabalhar só com pronta entrega. Então foi muito desafiador essa época pra mim, e exatamente nesse momento foi quando chegou a Dendezeiro.

Ele perguntou se poderia me ligar, mandou uma mensagem no whatsapp e se apresentou: Pedro da Dendezeiro, e perguntou se eu teria interesse em produzir para São Paulo Fashion Week que rolou no fim do ano passado, e eu disse que obviamente tinha interesse, mas que precisava saber o que é que ele gostaria porque até então eu achava que eu não conseguiria criar qualquer bolsa. Eu não atuava nessa área de modelista para outras pessoas, eu fazia modelos pra mim, pra minha marca.

E aí eu pedi pra ele, ainda no telefone, “olha, me manda a referência do que você quer”, e aí ele me mandou uma foto de um tatu (risos) e eu fiquei esperando ele mandar a bolsa, eu disse “Certo, e a bolsa?” e ele: “Não, a bolsa é um tatu. Eu quero que a bolsa seja um tatu.” (risos) e aí eu disse “Cara! Como que eu vou fazer isso?”, eu disse “Eu não sei consigo fazer, posso te dar a resposta até amanhã?” Aí ele “Pode, mas não pode demorar muito, porque tá faltando 30 dias pro desfile” […] Quando eu tava conversando com ele, tentando desenvolver, eu comecei a desenvolver uns protótipos que estavam chegando lá. E aí, depois de 11 dias, eu consegui chegar pra ele com a versão final. E foi maravilhoso ter aprovação, principalmente.

A gente começou daí, esse início da gente, dessa modelagem, foi muito especial pra mim. Foi o início de tudo. E foi a partir dela que eu comecei a me interessar por ser modelista de bolsas autorais e diferentes. E pra mim, ser chamada pra desenvolver na São Paulo Fashion Week, acima de tudo é uma honra, né? De merecer esse local, de estar ali de poder fabricar pra um evento tão grande, pra uma marca tão grande. É sem dúvidas uma recompensa muito boa de 6 anos de caminhada que eu venho trilhando com o ateliê.

Z: Conta pra gente como funcionou o seu processo criativo na concepção das bolsas para coleção Brasiliano 

BR: Acontece da seguinte forma, Pedro e Hisan (diretores criativos da Dendezeiro) estudam, pesquisam, criam um roteiro para a coleção inteira deles e desenvolvem desenhos de bolsas que complementem as suas coleções. Nisso, ele vai me mandando e eu tenho o prazer, vamos dizer assim, de trazer essa bolsa ao mundo, a realidade, de tirá-la de um desenho e transformá-la em uma bolsa palpável. E é nesse momento da modelagem que eu começo a fazer as alterações necessárias, a pensar em detalhes, a pensar em qual couro ou qual sintético eu vou utilizar para ter a melhor qualidade, a melhor textura, o mais parecido possível com o que ele espera, com o que ele quer do desenho. Então dentre tudo isso, eu fui me entendendo ser modelista, né? Foi nesse processo. […] E esse processo criativo é muito legal porque, se eu tenho alguma dificuldade na modelagem ou se eu acho que um acabamento vai melhorar, eu mando pra Pedro tudo e aí a gente consegue fechar essa bolsa e chegar naquela coleção linda que foi desfilada lá, tanto no ano passado, quanto nesse ano.

Z: Qual maior desafio na criação das peças com formatos não convencionais?

BR: Eu acho que a maior dificuldade das bolsas diferentes, eu sempre vou citar a Tatu, porque ela foi a primeira, ela que me tirou da caixa, sabe? Eu sempre trabalhei no ramo de bolsas, fazia algumas diferentes para o meu filho, como eu já fiz confecção pra ele de uma bolsa que ela tinha um rabinho de dinossauro e ela balançava quando ele andava (risos) mas eu nunca fiz nada saindo muito do formato original, e ela foi a primeira que eu fiz nisso. […] Eu fiz faculdade de engenharia, não concluí, mas eu fiz todos os cálculos, todas as físicas, fiz desenho técnico, e eu consigo lembrar muito bem de tudo de desenho técnico, de aprender, de rebater… Então, eu fui unindo isso com os conhecimentos que eu tinha da matemática, da modelagem, e fui testando até chegar a algo próximo.

[…] Na modelagem da Tatu, ela tem uma brincadeira, ela tem meio que um jogo, sabe? Porque eu transformo algo plano em literalmente uma bolsa. Em certo da passo da modelagem, da confecção da bolsa, ela passa de algo totalmente plano pra o formato de um Tatu, então isso é muito interessante!

Z: Como você descreveria o sentimento de assistir as peças que você criou na passarela da semana de moda mais importante do Brasil? 

BR: Eu acho que eu não tenho palavras pra descrever todos os sentimentos que eu tenho, que eu tive, na hora de ver o desfile pela primeira vez, e que eu tenho até hoje quando vejo o desfile, porque é uma sensação de dever cumprido. É muito recompensador o seu trabalho sendo exposto daquela maneira, num dos maiores desfiles, um dos mais comentados do Brasil, senão do mundo. Então pra mim é realmente fora da caixa, sabe? As vezes parece até que tô sonhando, que isso não tá acontecendo (risos)

Z: Pra quem tem vontade de um dia produzir pra SPFW, qual o seu conselho? 

BR: O melhor conselho que eu posso dar é que essa pessoa se especialize, e que ela tenha um foco bem definido, e que ela se mostre. Ela só vai ser vista, ela só vai ser lembrada para ser chamada pra São Paulo Fashion Week, assim como eu fui, se ela estiver mostrando o que ela tá fazendo e fazendo bem feito. Eu acho que, a rede social ela foi um grande transformador na minha vida e na minha empresa, então eu acho que fazendo isso de forma correta, alguém vai chegar em você, alguém vai reconhecer o seu talento.

Z: O que ninguém te contou sobre a preparação para a SPFW mas você acha que todo mundo deveria saber? 

BR: É como a gente sente uma pressão enorme. A gente como artesão, como costureiro, e saber que as peças da gente vão ser desfiladas e vão ser vistas pelo Brasil inteiro, sabe? É uma pressão de fazer perfeito, de dar o melhor acabamento, dar o melhor de si naquela peça. Pelo menos eu senti essa pressão. Porque, além de eu sempre querer dar o melhor, eu tava representando uma marca gigante que é a Dendezeiro, que é uma marca que eu já acompanhava pelo menos 2 anos antes, que já é uma marca que sempre teve destaque na SPFW. Então, eu senti o peso de dar continuidade ao que eles já tem, de melhorar, se eu puder, acabamentos e tudo mais, do que for necessário. Então hoje em dia eu faço parte da equipe e é maravilhoso trabalhar com eles!

Z: Você, como uma modelista nordestina, colaborando com uma marca também nordestina como a Dendezeiro, sente que existe uma força especial nesse encontro? 

BR: Eu acho que existe uma ligação muito maior por a gente ser nordestino e por ele ter escolhido uma mulher nordestina, que tem um negócio sozinha, pra ser a produção dele. Pra me dar essa possibilidade, me dar essa visibilidade. Eu acho que essa junção casou demais, porque a gente compartilha de muitos sentimentos e eu consigo entender a conexão dele com muitos símbolos nordestinos, e eu também tenho isso. É sempre reconfortante, é prazeroso pra mim, trazer essas bolsas à vida.

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Z: Existe uma valorização cada vez maior do trabalho artesanal na moda, como foi colocar suas mãos, sua técnica e sua histórias nessas criações? 

BR: Eu tenho uma conexão muito além com a costura, e ver a costura, ver a manualidade, essa parte artesanal sendo exaltada hoje em dia como está sendo desde o ano passado pra cá, é muito gratificante. Porque eu sou de uma família onde minha vó era costureira e ela faleceu há 3 anos, quando meu filho nasceu, e foi um momento muito difícil. E foi nesse momento que a costura me resgatou, sabe? Que eu respirei fundo e disse: “dá pra continuar!” Foi um momento muito difícil porque ela sempre foi a minha maior incentivadora na costura. Ela nunca me ensinou a costurar, mas ela sempre disse no que eu poderia melhorar. […] Me dava os livros de costura dela, me dava as anotações dela… Uma coisa que sempre me pega, que ela sempre falou, é que costureira não dá futuro a ninguém. E uma das coisas que ela ficava bem triste é que eu deixei a faculdade de engenharia civil porque eu me apaixonei pelo mundo da costura. […] Então, hoje em dia chegar e ver várias bolsas que eu criei sendo desfiladas e sendo destaques de outras revistas, destaques na São Paulo Fashion Week, eu não consigo explicar tamanha gratidão que eu sinto, e eu tenho certeza que, se minha vó tivesse aqui ela estaria muito orgulhosa de tudo que eu consegui mostrar, sabe? De mostrar um lado que tá ali fazendo a SPFW acontecer, que as confecções precisam ser vistas, que elas são muito importantes.

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TOC, TOC! Tem alguém ai? 👀 🚪 

Hello, Gi! 💗 Conta pra gente, quais são as 3 coisas que estão alugando um Fashion Triplex na sua cabeça nos últimos tempos?

Hello, zelier! 💖 

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Por aqui, a gente recebe várias mensagens de pessoas incríveis querendo fazer parte da nossa equipe, então resolvemos fazer uma coisa à respeito! Estamos montando um squad de colunistas e queremos te convidar para fazer parte!

A ideia é abrir espaço para vozes que admiramos compartilharem reflexões e descobertas no nosso blog, com um texto por mês ao longo de um ano. É uma troca: você cria e a gente coloca nosso alcance e carinho para amplificar seu trabalho. Vamos juntas?

Inscrições serão aceitas até as 00h do dia 27 de abril de 2025, e o resultado será comunicado até o dia 02 de maio de 2025. Good luck babe 🍀

Os seus highlights preferidos do mundinho fashion desta semana! ✨ Clicando no botão abaixo ✨você confere todas as notícias. 💖 💊

Fran lança kit ChocoEyes com rímel e gloss

Coelhinho da Páscoa, que trazes pra mim? Um gloss, um rímel e um lápis também… tudo isso dentro de um ovo de chocolate! A Fran lançou o kit ChocoEyes com máscara de cílios marrom e um lápis multifuncional, que pode ser usado tanto nos olhos quanto na boca. E, umas semanas atrás, ela já tinha lançado um gloss da mesma linha. Uma Páscoa do jeitinho que a gente ama. 🍫💄💘

francinyehlke

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Ovo de Páscoa com Crystal Bag?

Alexandre Pavão lançou um Easter Egg de respeito. Um ovo de 1,5 kg de chocolate, ao leite ou amargo, que vem acompanhado da MIMI Special Bag. E tem mais: cinco sortudos ainda vão encontrar a icônica MIMI Crystal Bag dentro. Disponível no site da marca por R$ 769,90. 👜🍫

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Até semana que vem! 💚