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o complexo de vira-lata do brasileiro
a gente exporta o talento, mas parece continuar importando a validação... por que o brasileiro só valoriza quando vem de fora?
Convenhamos: você com certeza já ouviu/leu comentários que diminuem artistas, campanhas ou músicas feitas no Brasil. Acertei? 👀 Pois bem, essa mania de achar que “lá fora é sempre melhor” tem nome: complexo de vira-lata! 🐕️ Quem criou o termo foi o jornalista Nelson Rodrigues, depois do Brasil perder a Copa de 1950 para o Uruguai no Maracanã. Ele usou a metáfora pra explicar essa sensação de inferioridade que a gente carrega no peito, como se tudo que vem daqui fosse menor, menos digno, menos relevante. (algo mudou?…)
De lá pra cá, o “viralatismo” saiu do campo de futebol e invadiu música, moda, beleza, cultura pop e até o jeitinho que a gente se enxerga como país. A gente olha pros talentos locais com desconfiança, mas basta um gringo fazer parecido que o aplauso vem rápido. No fundo, é o combo: desvalorização do que é nosso + idolatria do que vem de fora = autoestima cultural em crise. A gente exporta talento, mas parece continuar importando validação... Afinal, por que o brasileiro só valoriza quando vem de fora?

caramelo: “eu não tenho nada a ver com isso” Fonte/Reprodução: Tenor
Esse assunto alugou um verdadeiro triplex na nossa cabeça nos últimos dias. Isso porque no Lyst Index, o chinelo estilo flip-flop foi apontado como o item de moda mais quente da temporada, e quem se destacou foi a marca The Row, com seu modelo chamado Dune (de quase R$ 4.000,00 tá?) . O curioso é que, o produto é igualzinho às nossas Havaianas, só que com etiqueta internacional.

Fonte/Reprodução: The Row
Não deu outra… inevitavelmente isso deixou uma pulga atrás da nossa orelha: a gente tem bagagem, design reconhecido, produto genuíno, mas é quando o exterior interpreta que o mundo aplaude.
Outra situação que chamou a nossa atenção nos ~acontecimentos recentes do mundinho da moda ~ foi o lançamento da Farm ETC., uma linha de lifestyle da FARM que inclui itens como garrafinhas, pranchas de stand-up paddle e cadeiras de praia. A campanha de lançamento teve um tom mega irreverente com a participação de celebridades como Narcisa Tamborindeguy e Marcelo D2 simplesmente peladões.

Fonte/Reprodução: @farmetc
O que rolou? Internautas comentaram nos perfis da marca e de plataformas de notícias de moda, classificando a campanha como apelativa e mal feita. O que fez a gente refletir: se fossem lançamentos assinados por marcas como Jacquemus e Balenciaga, a recepção do público brasileiro seria a mesma?

Fonte/Reprodução: Yarn
Essa discrepância nas reações pode refletir um fenômeno cultural mais amplo (muito além de opinião pessoal, viu?), onde iniciativas brasileiras são avaliadas de forma mais crítica, enquanto marcas internacionais recebem maior aceitação, mesmo quando apresentam propostas semelhantes. Isso levanta questões sobre como valorizamos o talento e a criatividade local em comparação com o estrangeiro.
Pra falar um pouquinho mais sobre esse assunto, convidamos o Deny Santana, comunicador de moda nacional que geralmente traz essa pauta nas suas redes sociais!
Zelia Team: Como você conceitua o “viralatismo brasileiro” no universo da moda?
Deny Santana: É algo que já nasce com a gente e ao longo do tempo, do ambiente que você convive e do que você consome possa vir a diminuir, a erradicação do vira-latismo na minha concepção é uma utopia pois já está intrínseca a todos nós, de qualquer forma, o Brasil sofre muito da necessidade de aprovação do estrangeiro que as vezes não conseguiria fazer metade do que é produzido aqui com tão poucos recursos.
Z: Quais fatores culturais, históricos ou econômicos você acredita que alimentam essa síndrome de menosprezo pelas produções nacionais?
DS: A raiz desse problema está na colonização e em seus desdobramentos na sociedade. Como nosso país foi colonizado por europeus, acabou se moldando, muitas vezes de forma inconsciente, à ideia de que a Europa possui uma superioridade cultural gerando em alguns brasileiros essa necessidade constante de validação.
Z: Você fez um vídeo comentando sobre a campanha FARM Etc. O que te impactou ou te incomodou na recepção dessa campanha pelo público brasileiro?
DS: O que mais me incomodou foi perceber que estamos regredindo ou, no mínimo, estagnados no nosso nacionalismo. A campanha estava linda, cheia de referências interessantes e com uma ideia realmente boa, mas, para ser validada pelo público, parecia faltar apenas o logo de alguma marca gringa.
Z: Você poderia comentar exemplos positivos, em que marcas ou campanhas brasileiras receberam reconhecimento (até internacionalmente) e foram devidamente valorizadas por aqui?
DS: Um exemplo é a Havaianas, que se tornou febre fora do Brasil de forma orgânica pela praticidade e identidade única. A PatBo também é referência, conquistando espaço dentro e fora do país ao vestir celebridades nacionais e internacionais. Já a Piet faz um trabalho impecável no Brasil e tem um pioneirismo inegável no streetwear, sempre com grande apoio do público brasileiro e, mais recentemente, reconhecimento internacional, chegando até a desfilar no Paris Fashion Week.
Z: O que nós, como consumidores e comunicadores de moda, podemos fazer para quebrar esse ciclo de desvalorização do que é brasileiro? Como cultivar um olhar mais crítico e, ao mesmo tempo, mais generoso para o que nasce aqui?
DS: Hoje a gente vê muitos veículos de moda, criadores de conteúdo e até marcas se moldando como cópias do que vem de fora. Não dá pra esperar valorização quando a própria marca se apresenta como fachada de nacionalismo, mas tudo nela remete ao estrangeiro: nome em inglês, descrições em inglês, site em inglês, sendo que muitas vezes nem opção de envio internacional o site da marca tem. Esse movimento existe muito no Brasil e, pra mim, mostra que falta olhar pra dentro. Até os cool hunters, que deveriam buscar o novo, quase sempre procuram referências lá fora, enquanto aqui temos muita coisa autêntica e fashion que acaba invisível. Acho que quando as marcas começarem a resolver essas questões de produção e direcionar o olhar pro que é nosso, aí sim vamos ter resultados reais. Porque, no fim, não adianta esperar só do público, se tudo o que ele tem pra consumir já nasce pensado pra simular o eurocentrismo.
No fim das contas, o que mais incomoda não é só a mania de esperar aplauso de fora. É perceber que, de algum jeito, a gente se acostumou a precisar disso. O nosso talento, a nossa criatividade, o nosso jeito de fazer as coisas parecem só ganhar atenção quando recebem um “selo gringo”. Na moda, na música, na política, no comportamento… a gente vive comparando, medindo, esperando a validação externa. Por que o santo de casa só faz milagre quando alguém lá de fora confirma?
Toc, Toc! Tem alguém ai? 🚪👀

Hello, Gleisy 💓 Conta pra gente, quais são as 3 coisas que estão alugando um TRIPLEX na sua cabeça nos últimos tempos?
Oi!! sou a Gleisy, apaixonada por moda, beleza e todos os detalhes que deixam a vida mais leve e elegante. Compartilho na internet meu lifestyle, cuidados de skincare & hair, momentos especiais e, claro, looks que traduzem minha personalidade.



Os seus highlights preferidos do mundinho fashion desta semana! ✨ No botão abaixo, você confere todas as notícias. 💖💊
RARE BEAUTY X TAJIN
A noivinha do ano, Selena Gomez, lançou uma collab pra lá de inusitada: em parceria com a Tajin, marca de temperos queridinha dos mexicanos, a Rare Beauty lançou um blush e um gloss exclusivos. Boca Rosa e Sazon: vocês já sabem o que fazer!!!! 🙏
KATSEYE X GAP
My milkshake brings all the boys to the yard! A nossa girlband mais gnarly foi estrela da campanha mais recente da GAP, inspirada nos anos 2000 e voltada para enaltecer os jeans da marca. Entregaram muito conceito, diversidade e coreografia!!! ✨
Tá precisando de ajuda com um look/ocasião?#Meajudazelia ✨

É só mandar um e-mail para [email protected] com seu nome, idade, data e hora (se aplicável) e a ocasião que você precisa de um look que a gente te ajuda com o resto!
Até semana que vem! 💚
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