Quando moda e música eletrônica se encontram

Entenda como o universo da moda se conecta com a cena da música eletrônica!🎧

São Paulo Fashion Week, 19 de outubro de 2024. Sentada na primeira fileira, aguardando o desfile da LED, tive uma verdadeira epifania: como a moda e a música eletrônica caminham lado a lado.

Talvez eu tenha demorado um pouco para perceber isso. Em setembro, fiz a cobertura completa da Fashion Week aqui no blog e, através da escrita, viajei para Nova York, Londres, Milão e Paris. E sempre havia algo em comum: a maioria das músicas tocadas nos desfiles eram eletrônicas. Comentei isso com meu namorado, que, adivinhe? É DJ de música eletrônica. Foi aí que ele me disse: “Eu te falo isso há muito tempo”.

Devo admitir, nunca fui grande fã do estilo. Na verdade, antes de namorar, eu não ouvia. Me considero uma pessoa eclética até certo ponto, gosto de indie, rock e pop, e agora, após alguns anos de namoro, posso incluir na lista o melodic techno. Afinal, quando seu namorado toca esse estilo com Lana Del Rey ao fundo, não tem como não gostar!

@yasoliveirx

esse queridolas super fofo🫶🏻 #fy #fyp #lanadelrey #relationship

Então, decidi investigar e entender como dois universos que, até então, eu achava que não tinham nada a ver, se conectam: moda e música eletrônica.

O começo🎧

Para entender essa conexão, precisamos olhar para o nascimento da cena, que começou nos anos 70 com o House em Chicago, influenciado pela cultura LGBTQIAPN+ e afro-americana. Nos anos 80, essa cena evoluiu para o Trance, que trouxe um toque psicodélico, se encaixando perfeitamente nas raves ao ar livre (aquelas festas que duram dias no meio do mato). Junto com essa vertente, em Detroit, nasceu o Techno, com uma pegada mais futurista.

Na Europa, os clubes sintetizaram todas essas influências, criando as centenas de vertentes que ouvimos hoje, como o Melodic Techno. A série Daisy Jones and the Six dá um retrato dessa época, mostrando como era difícil, naquele contexto, se assumir e ser quem você realmente é, seja em termos de gênero, orientação sexual ou raça.

Focando no nosso Brasil, a cena eletrônica chegou com força, especialmente em São Paulo. A Rua Augusta e os Jardins se tornaram os centros dessa estética. Também surgiram os cybermanos, vindos da periferia, que dominaram a cena. Seus looks futuristas, misturando piercings, sneakers e peças camufladas, trouxeram uma nova energia para a moda eletrônica.

Fonte: Pinterest

A Influência na Moda ✨

Hoje, a moda e a música eletrônica estão mais conectadas do que nunca. As grifes mergulharam nesse universo, criando coleções que respiram a estética dos clubes e festivais. Marcas como a Diesel não hesitam em abusar do brilho metálico, oversized e neons, elementos que são a cara da cena.

Um exemplo perfeito dessa fusão é a colaboração de Virgil com a Louis Vuitton. Além de ser o fundador da Off-White e ex-diretor da Vuitton, Virgil Abloh também foi DJ de techno no começo de sua carreira, o que se reflete diretamente em suas coleções. Sempre atento às influências dos festivais e da música eletrônica, o designer trouxe uma vibe jovem e ousada para a alta-costura da marca. As luzes de clubes, logotipos estilizados e o glamour dos festivais foram traduzidos de maneira criativa e inovadora em suas coleções.

Quem não lembra do desfile de verão da Louis Vuitton de 2008, quando Daft Punk fez um set exclusivo para a apresentação da marca? Foi ICÔNICO e só reforçou ainda mais essa junção com o fashion.

Raf Simons, ao co-criar a Prada, também trouxe a música eletrônica para o centro de sua estética. Além disso, Balenciaga, Dries Van Noten e Chloé também estão apostando nesse estilo mais "clubber", com peças que falam sobre liberdade, identidade e o espírito "DIY" (faça você mesmo), trazendo a música eletrônica para as passarelas com muita atitude e inovação.

@culted

Still not over @Travis Scott opening for #VETEMENTS SS25 ☝🏼 #travisscott #travisscottedit #fyp #foryoupage #parisfashionweek #cultedpfw

DJs que são verdadeiras it girls 💋

Bom, com a pesquisa finalizada, ficou claro que a moda e a música eletrônica não são mais dois mundos separados. Elas se encontram nas passarelas e nas ruas, criando uma estética autêntica e super criativa.

Agora, quero compartilhar algumas DJs que são verdadeiras it girls, tanto na música quanto nos estilos. São referências incríveis!

Eliana Iwasa

Eli Iwasa é um nome super conhecido na cena da música eletrônica brasileira! Ela é DJ, produtora, empresária e promotora de eventos. Além de ser proprietária dos clubes Caos, Club 88 e Galeria 1212, ela também brilha como DJ residente do Warung Beach Club. E não para por aí! Eli também é cantora e produtora no projeto Bleeping Sauce e fundadora da festa Closer, que tem como missão promover a igualdade de gênero na cena da música eletrônica.

Peggy Gou

Peggy Gou é um dos nomes mais importantes da música eletrônica internacional. Nascida em 1991 em Incheon, Coreia do Sul, Peggy mudou-se para Londres aos 14 anos para estudar inglês e, posteriormente, se formou em moda no London College of Fashion. A transição para a música aconteceu quando ela se estabeleceu em Berlim, onde sua carreira musical decolou. Sua mistura única de house, techno e influências culturais a levou a se apresentar nos maiores festivais do mundo e a construir uma base de fãs fiel.

Uma curiosidade, sabia que a nossa diva trabalhou na Harper's Bazaar Korea? ICÔNICA!

Fonte: Instagram @peggygou_

Mestiza

Mëstiza é uma dupla espanhola de DJs e produtoras musicais formada por Pitty Bernad e Belah. Elas se destacam por mesclar música eletrônica com elementos do flamenco e do folclore espanhol, criando uma experiência sonora e visual única. O projeto surgiu em 2021, em Madrid, a partir da amizade e das ideias compartilhadas entre as artistas, que buscavam inovar ao fundir a música eletrônica com suas raízes culturais.

Fonte: Instagram @mestiza.music

Honey Dijon

Honey Dijon é uma das artistas mais respeitadas na cena da música eletrônica, e um verdadeiro ícone de resistência e ativismo. Nascida Honey Redmond em 21 de junho de 1968, em Chicago, Illinois, ela é DJ, produtora musical e ativista transgênero, se destacando tanto na música quanto no mundo da moda.

Crescendo em uma família afro-americana com uma forte influência musical, Honey começou a discotecar ainda jovem, sendo totalmente inspirada pela vibrante cena house de Chicago. Nos anos 1990, ela se mudou para Nova York, onde sua carreira deslanchou, se apresentando em clubes underground e mergulhando também no universo dos eventos de moda. Seu estilo único de mixar house, disco e techno é o que a torna reconhecida no mundo da música.

E claro, não podemos esquecer de sua contribuição na moda! Honey Dijon já colaborou com marcas de peso como Louis Vuitton e Dior, criando trilhas sonoras para desfiles e participando de projetos de design. DIVA!

Fonte: Instagram @honeydijon

Diquinha da Yas 👀

Se você está pensando em começar a frequentar um espaço de música eletrônica, recomendo o Crema Club em São Paulo. O lugar tem uma vibe única, céu aberto, drinks maravilhosos e, claro, MUITA música boa. E não posso deixar de enaltecer o meu namorado, que me fez descobrir esse universo e, ainda por cima, é residente do club!🎶

Reply

or to participate.