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[SINTO MUITO - 15/09] Ainda vale a pena procurar o "cara ideal"?
Entre dates, matches e grandes histórias de amor... será que príncipes da Disney realmente existem?
Era uma vez… Quando você é criança - principalmente uma dos anos 2000 - as suas principais referências amorosas se pautavam em romances da Disney. A sua princesa favorita é escolhida com base na cor do vestido e a presença do príncipe na história é completamente irrelevante. Ou pelo menos era o que você achava quando era criança.
Na pré-adolescência, você nota que escalar torres ou percorrer reinos inteiros não vão suprir a sua curiosidade pelo amor. E então você descobre as comédias românticas. A Mia Thermopolis pode até ser uma princesa Disney mas ela também é uma garota com bad hair day e problemas com a mãe. Mesmo assim, ela acaba filme com o clichê do beijo de amor verdadeiro que faz o pé dela levantar.
As fanfics te ensinam que os piores caras podem ser consertados. As frustações das suas amigas fazem com que vocês mintam umas pras outras - não por desonestidade mas por esperança. “Eu tenho certeza que ele ainda não te respondeu porque só tá muito ocupado”. E assim você passa a procurar os grandes atos de romances em cada uma das primeiras vezes que você tem durante o final da adolescência.
Aos 20, você baixa o Tinder.
Meu nome é Marcela Elis, eu sou a sua nova solteira favorita, e na coluna de hoje a gente vai falar sobre o dilema do cara ideal.

Reprodução: Pinterest
Quando a minha chefe me pediu pra escrever uma coluna eu confesso que surtei. Não pelo formato - eu sempre amei as crônicas e os ensaios - mas porque não tinha nada de uma interessante que alguém poderia ler sobre a minha vida. Eu sei que você pelo menos não se interessaria sobre como eu comprei um quilo de batata por 1.99 essa semana. Minhas amigas também não estão interessadas nisso. Na busca do que escrever pra me tornar amiga das minhas leitoras, eu me deparei no bandejão da UFRJ.
Eu e outras 3 amigas estávamos debatendo se Jornalismo de Dados era uma matéria legal ou não. Até que eu soltei a bomba.
“Enfim, vocês sabiam que essa semana eu tenho 3 dates seguidos com 3 caras diferentes?”
Os rostos delas brilharam. A verdade é que, seja você uma solteirona invicta - como eu - ou alguém que já namora há anos - como eu estou BEM longe de ser -, o mundo da paquera é sempre um prato cheio no banquete dos assuntos. É assim que essa coluna nasce.
Agora, antes da gente ir pro dilema em si, eu preciso que você afirme que está ciente e deseja continuar. Talvez eu esteja descumprindo a principal regra jornalística mas… eu NÃO sou uma narradora confiável. Autocrítica é importante, ok?
A minha vida amorosa - que até então foi pautada por um celibato de quase 1 ano - é baseada em mentiras, dramas e (principalmente) decisões estúpidas. Ao ler essa coluna, você tá praticamente assinando um contrato de que eu talvez não tome a decisão que você quer - num nível Belly escolhendo o Jeremiah ao invés do Conrad.
Ao mesmo tempo, eu devo ser uma das 3 integrantes da Gen Z que acredita em romance e destino. No mundo do meu livro favorito o Sr. Darcy jamais saberia o que significa ghosting, lovebombing ou ficante premium. E quando eu fecho os olhos a noite eu suspiro - bem baixinho pra ninguém ouvir - “tomara que almas gêmeas realmente existam”.
Em resumo, eu sou uma garota de (quase) 20 anos.
Você lê minha tentativa de ser a Carrie Bradshaw. Eu te conto uma fofoca de bandejão. Temos um acordo?

Reprodução: Pinterest
Pra evitar maiores exposições (e pra dar um ar de Mr. Big pra essa coluna) a gente vai chamar os 3 possíveis caras ideais daquela semana de Huguinho, Zezinho e Luizinho - sim, eu sou muito fã de Ducktales!
Apesar de todos os meus esforços a minha grande conclusão foi de que faltava aquele je ne se quois com todos eles.
O Huguinho era provavelmente o cara mais gato com quem eu já tinha saído - e proporcionalmente o mais burrinho também. O Zezinho era super inteligente, mas claramente queria algo sério depois de 3 dates.
E o Luizinho… era basicamente o meu cara ideal! A sensação do último date era de que Deus, o universo ou qualquer outra força maior tinha minha enviado exatamente tudo que eu já pedi em um homem. Ele era minha xerox exata. E justamente por isso o date não foi perfeito. Como eu poderia imaginar que concordar tanto com alguém tornaria as coisa previsíveis?
No fim do dia, eu saí da casa dele com duas certezas: 1. Ele não ia me mandar mensagem depois - porque, se ele era tão parecido comigo, também devia estar pensando que se deu suuuper bem; 2. O verdadeiro segredo da vida da mulher solteira era agir ao máximo como os piores homem - mentir, focar na casualidade e sair à francesa como se você não soubesse de nada.

Reprodução: Pinterest
No fim do dia, mais do que procurar o cara ideal: aquela tinha sido uma ótima experiência pra massagear meu ego!
E estava dada a largada. Eu me sentia a nova Garota de Ipanema. Eu tinha vontade de mandar um e-mail pra sede da Disney dizendo “Vocês me ensinaram tudo errado e agora eu sei o lado bom da vida!”. Eu tinha conseguido fazer aquilo que a Carrie Bradshaw tentou - eu tinha agido como um homem. Era domingo e eu estava nas nuvens…
Na segunda-feira eu levei 3 ghostings!

Reprodução: Pinterest
Em meio a choros, uma mini crise de ansiedade e uma mensagem desesperada pro meu amigo, eu fui parar no único lugar possível pra quem é solteiro e PRECISA sair de casa na segunda-feira: a Pedra do Sal!
O Gabriel é basicamente o meu contato de emergência sempre que eu tenho qualquer boy problem - não que ele tenha sempre a resposta perfeita, mas porque ele sempre sabe o que fazer pra me impedir de mandar aquela mensagem arriscada.
E depois de um litrão, muitas risadas, histórias sobre homens (porque pra mim e Gabs “homens” significa qualquer pessoa que não está presente na conversa) e várias análises de gringos bonitos, o mundo parecia lugar seguro: livre de dates, ghostings, prazos pra cumprir, colunas pra escrever e batatas que não estão na promoção!
E foi ali, com uma caipirinha de Pitaya com Maracujá na mão, que eu percebi que tinha encontrado tudo que eu procurei durante aquele final de semana. Eu estava saindo com alguém, ele estava genuinamente interessado no que eu tinha pra falar e a gente estava tendo uma noite maravilhosa. E ele me amava. Quantas vezes a gente procura em outros - às vezes às custas da nossa saúde mental - algo que nossos amigos e amigas nos entregam de graça?

Reprodução: Pinterest
A verdade é que, quanto mais eu paro pra pensar no meu cara ideal mais eu percebo que ele talvez nem seja tão irreal quanto um príncipe da Disney.
O cara ideal tem que ser engraçado. Que nem os meus amigos. E ele precisa estar disposto a me ouvir falando por horas. Que nem os meus amigos. Ele precisa ser super gentil, simpático e empático. Que nem os meus amigos. E é claro, ele precisa ser inteligente. Que nem os meus amigos.
Mas, acima de tudo, o cara ideal vai me despertar uma conexão instantânea. Daquelas que a gente bate o olho e sabe que estamos com a pessoa certa na hora certa. E isso vai fazer com que ele goste de mim apesar dos meus defeitos. Em resumo, ele vai me amar sem esperar nada em troca, simplesmente por quem eu sou - assim como os meus amigos.
Só pra constar, essa ainda é uma coluna de relacionamentos. Mas será que as relações amorosas são as únicas que formam o nosso caráter? Eu acredito que não. Num mundo onde ser solteira às vezes parece até ilegal, a gente pode se perder na hora de medir a régua dos valores que compõe a nossa vida. Eu posso até não ter achado a minha alma gêmea em um date na Lapa ou numa segunda-feira na Pedra do Sal. Mas eu tenho conexões tão importantes quanto.

Reprodução: Pinterest
Muito mais do que procurar alguém que nos complete: Eu acho que toda garota solteira devia procurar alguém que a transborde. Alguém que vai combinar com a sua vida - incluindo as partes boas e as partes caóticas - como aquela sua bolsa favorita combina com todo look.
Por isso, na próxima vez em que alguém do Tinder me perguntar “E aí? O que você tá procurando por aqui?”, eu vou responder “Um amigo”.
SOS CONSELHOS AMOROSOS 🚢

E é claro que uma coluna de relacionamentos não seria uma coluna de relacionamentos sem aquele momento #conselheira! Dos mesmos criadores do #MeAjudaZelia veio aí: #MeAconselhaLela ✨ (tá bom eu sei que esse nome é horroroso mas uma garota pode sonhar!)
Numa vibe “faça o que eu digo não faça o que eu faço”, todo mês nossa equipe vai selecionar uma Zelier que precise de um conselho sobre amor, relacionamentos, boys, “o que fazer quando seu ficante de 3 meses termina com você” - coisas genéricas assim - e que vai aparecer aqui no final da coluna!
Pra participar é só mandar a sua dúvida pro nosso e-mail ([email protected]) com o assunto “SOS Conselhos Amorosos”, dizendo nome, idade e se quer ser identificada(o)! 💌

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