SPFW N60: Santa Resistência

Nosso time esteve de pertinho para conferir tudo que aconteceu no desfile da Santa Resistência na SPFW N60!

Na SPFW N60, a Santa Resistência levou para a passarela uma maré de simbolismos. A coleção “Águas de si: Quando a mulher veste mar” mergulha fundo na figura da mulher-oceano, traduzindo a relação da mulher com o mar ao longo dos séculos e em diferentes regiões: seja nas sereias da mitologia grega, em Afrodite nascida da espuma, em Atargatis da Síria antiga ou em nossa Iemanjá e Iara brasileiras.

Créditos: Gustavo Scatena/ @agfotosite

Assistir ao desfile foi como fazer um mergulho em um universo místico. A trilha sonora era cheia de bossa e brasilidade, com músicas que fazem referências à sereias, praias e ao mar. A marca levou a temática de “vestir mar” bem literalmente: as peças-chave do desfile foram confeccionadas com aplicações escamas de pescada amarela, camurupim e piracema, macramês formaram águas-vivas, e vestidos de crochê homenageam Iemanjá. A cartela de cores alternou tons de pêssego, verde, azul e dourado, refletindo o mar em seus humores.

A beleza, assinada por Chloe Gaia focou em fugir do óbvio, trazendo a espuma do mar através de aplicações. O movimento das ondas se tornam delineados gráficos. E o brilho da águas é um ponto central - tanto nos olhos, quanto nos lábios metalizados, o iluminador bem marcado e as pontas do dedos pintadas de dourado.

Créditos: @agfotosite

O respeito ao meio ambiente, um dos valores da marca, é reforçado na escolha de tecidos sustentáveis como algodão, modal, Liocel e viscose EcoVero (feitos de fibras extraídas de madeira oriunda de florestas sustentáveis e fabricadas com baixas emissões de carbono), além de seda e seda de algodão.

Tudo isso com foco em impacto social: 70% da coleção foi produzida pelo coletivo Costureiras da Maré, no Rio. Além disso, na passarela também pudemos ver o trabalho das artesãs da associação Farol de Cabedelo (que assinam um look masculino e um vestido, ambos feitos com linha de pesca e escamas), da artesã capixaba Marina Maia (que assina um vestido com a pala bordada em escamas e corais), da artista plástica paraense Lilian Lima (que realiza o beneficiamento artesanal de escamas), da estilista Milena Guerke (que fez um vestido de crochê inspirado na água-viva), do artista visual Rodolfo Mariano (que pintou à mão dois looks em estilo navy, mesclando Iemanjá, pirarucu e algas marinhas) e da designer Marcela Citon (que desenvolveu três estampas em aquarela).

Créditos: Gustavo Scatena/ @agfotosite

No meio da enxurrada de referências, a coleção reafirma o que a marca vem fazendo há oito edições de SPFW: um design político, que fala de ancestralidade, ecologia e trabalho manual. Se outras grifes nesta temporada olham para o futuro com tecnologia, a Santa Resistência lembra que o futuro também está no fundo do mar, nas mãos e nas lendas que resistem ao tempo.

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