SUPERFAKES

O fenômeno das superfakes alugou um triplex TÃO grande na cabeça da nossa equipe, que resolvemos investigar a questão mais a fundo 🕵️‍♀️

Feche os olhos e imagine uma bolsa falsificada. Tá, talvez não feche os olhos de verdade porque senão você não vai conseguir ler o resto da matéria, mas você entendeu. Se você é como a gente, provavelmente pensou em uma bolsa com logotipo meio desconfigurado, feita com material de qualidade duvidosa e esticada no chão sujo de alguma cidade grande, acertamos? 🔮 

Não é novidade pra ninguém que o mercado de falsificações existe no mundo todo. Aliás, a prática remonta à Antiguidade, quando moedas de ouro e prata eram adulteradas para enganar comerciantes, evoluindo ao longo dos séculos para incluir obras de arte, documentos importantes, produtos comerciais e, mais recentemente, itens de luxo e conteúdos digitais.

Mas, se antes o mercado de falsificações e réplicas era conhecido pela baixa qualidade, acabamentos imperfeitos e a facilidade em identificar os produtos falsificados, hoje a realidade é bastante diferente.

E o grande catalizador disso tudo? As redes sociais.

Estamos vivendo em uma era de hauls, unboxings, aesthetics, tendências, recebidos, achadinhos e virais. Você passa o dia inteiro vendo aqueles produtos repetidamente, que muitos creators nem sequer pagaram para usar. Ou pior: que compram só para poder postar um review viral (quem aqui nunca viu um “oiii gente comprei o produtinho viral para testar então vocês valorizem esse conteúdo”?).

Fonte: Instagram @maluborgesm | Reprodução

Então, nessa era de super exposição, super consumismo e super valorização de aparências, surgem elas: as SUPERFAKES.

Por definição, as superfakes são réplicas praticamente idênticas aos produtos originais. Entram aqui bolsas, roupas, sapatos, acessórios e até itens de decoração. São cópias tão, mas TÃO bem feitas que podem confundir até mesmo os olhos mais treinados.

uma dessas bolsas é uma superfake e uma é original - vocês conseguem adivinhar qual é qual?Fonte: Instagram @joaobatistajr | Reprodução

E se engana quem pensa que as superfakes são baratex e acessíveis para a maior parte da população, muito pelo contrário! Justamente por parecer tanto com as originais, o preço desses itens é altíssimo, podendo chegar a valores exorbitantes como, por exemplo, mais de $5.000,00 por uma Birkin falsificada. 🫣 

*dica da autora: se vocês lerem os próximos dois parágrafos com a voz do narrador do Globo Repórter EU JURO que vai ficar muito mais legal tá*

O fenômeno das superfakes alugou um triplex TÃO grande na cabeça da nossa equipe, que resolvemos investigar a questão mais a fundo. O que vocês vão ler a partir de agora trata-se de um compilado de opiniões pessoais, entrevistas com profissionais e pesquisas de campo para tentar entender como as superfakes estão impactando não só a moda, mas também o consumo, a ética e a percepção do valor das marcas no mundo atual.

Prepare-se para mergulhar em uma discussão que vai do luxo às redes sociais, passando pela psicologia do consumo e o papel da autenticidade no mercado. Afinal, quando o que parece real se torna mais desejável do que o próprio original, o que isso diz sobre nós e sobre o mundo em que vivemos? 🧐 

São Paulo, Janeiro de 2025. (*dica da autora: imagina isso sendo digitando como se fosse por uma máquina de escrever em uma folha em branco*)

A gente sabia que, para escrever essa matéria, teríamos que ver esse universo com os nossos próprios olhos. Por isso, nossa equipe foi até uma das maiores galerias de superfakes do país.

“Ok, talvez eu seja muito influenciada por livros de suspense, mas na minha cabeça o mercado de superfakes era uma coisa extremamente velada e escondida. Na minha fanfic, para poder entrar em um dos maiores mercados de superfakes da cidade de São Paulo você provavelmente teria que ir para um lugar suuuuper escondido, com um segurança na porta que ia te exigir algum tipo de senha. Quando você falasse a senha, eles iam abrir a porta e te levar para uma loja que parece uma loja normal, mas no fundo, atrás de uma cortina pesada e empoeirada estariam os exemplares de superfakes.

Meu Deus como eu estava errada.

Do lado de fora, a galeria que visitamos parece uma galeria normal, daquelas que é super comum ver em uma das avenidas mais movimentadas de São Paulo. Mas basta dar literalmente UM passo para dentro que o mundo das superfakes se abre para você: lojas limpas e organizadas, com os produtos expostos com um visual merchandising agradável, e fileiras e fileiras de itens expostos bem ali na sua frente. A sensação que eu tive é que a minha For You Page estava inteira ali, se desdobrando diante dos meus olhos.

Birkins coloridas, bolsas da the row, botas da Valentino, pulseiras da Cartier, clutches da Chanel… tudo tão verossímel que por um momento você até esquece de onde está e se questiona como é possível uma coisa dessas. Andando por lá, nos deparamos até mesmo uma bola de basquete da Tiffany, talvez o item mais inusitado que encontramos.

Fonte | Reprodução: Equipe Zelia

Ao conversar com algumas vendedoras, rapidamente elas nos explicaram que existem as réplicas e as réplicas premium (que são as superfakes). A maioria dos itens vem com etiquetas, dust bag, e em algumas lojas é possível até mesmo comprar caixas e sacolas das marcas. Uma vendedora até falou pra gente que os produtos dela também vinham acompanhados do recibo, destacando com orgulho esse diferencial competitivo.

Nessas horas você é puxado de volta para a realidade e se lembra que não se tratam de produtos reais.

Se você já assitiu Wanda Vision, a sensação de visitar esse mercado é bem parecida com o dilema vivido pela nossa diva Wanda: nada passa de uma ilusão criada por ela mesma para poder se conformar com uma realidade que talvez não seja tão bonita assim.”

Fonte: Pinterest

E aí no MAIOR estilo Carrie Bradshaw, a gente couldn’t help but wonder o que a lei fala sobre esse tipo de produtos. Por isso, resolvemos chamar a advogada de propriedade intelectual Helena Ávila, para falar um pouquinho mais sobre os aspectos jurídicos das superfakes.

A lei brasileira é clara: falsificar é crime, previsto no artigo 184 do Código Penal, com punições que incluem detenção, reclusão ou multa. Mas, no universo das criações de luxo, a fronteira entre inspiração e cópia muitas vezes é nebulosa. Para se proteger, é essencial registrar marcas e criações no INPI e comprovar anterioridade, ferramentas cruciais para defender autenticidade e garantir reconhecimento legal.

Mas falsificações de artigos de luxo vão muito além de uma questão legal — elas impactam a percepção de valor, exclusividade e criatividade que sustentam essas marcas. Quando um produto é falsificado, ele é feito para enganar, para passar por algo que não é. Isso não só desrespeita direitos autorais e marcas registradas, mas também transforma o que era raro e especial em algo corriqueiro.

Helena Ávila

Tá, então falsificação é crime de acordo com a lei Brasileira. Mas como o resto do mundo trata a questão? Fomos atrás do Yago Ferreira, advogado especialista em Direito Internacional e sustentabilidade, em busca de mais respostas.

Sobre a propriedade intelectual e produtos falsificados de luxo, é importante considerar que a cadeia de produção desses itens é extremamente extensa e muitas vezes envolve diferentes países. A produção está concentrada, em grande parte, em países que enfrentam desafios na execução das leis de propriedade intelectual, como China, Turquia e Índia. Embora esses países possuam legislações voltadas à proteção da PI, elas são recentes a e a percepção da comunidade internacional é de que os esforços para garantir o cumprimento das normas ainda são insuficientes ou inconsistentes. De modo que, identificar ou advogar pelos direitos de propriedade intelectual nesses países é mais desafiador do que em outros países de outras regiões como Europa, América Latina ou Estados Unidos.

Focar apenas no vendedor final como responsável me parece uma abordagem ineficiente. O problema da falsificação é sistêmico, envolvendo uma complexa cadeia de fornecedores, produtores e transportadores, operando de forma semelhante a uma indústria formal. Além disso, o vendedor final, geralmente localizado em mercados informais ou plataformas digitais, é quem menos lucra com o mercado de falsificações e pode ser facilmente substituído.

Yago Ferreira

… and just like that, se a gente achou que a lei nos traria respostas, a gente acabou ficando é com mais dúvidas sobre esse universo das superfakes. Afinal de contas, qual seria o limite para um produto ser considerado superfake ilegal? E o que os torna diferentes das inspirações ou dupes então?

Um exemplo recente e emblemático que temos dessa problemática de superfakes vs. inspiração é o surgimento das Wirkins, as Birkins do Walmart - uma bolsa visualmente semelhante à Birkin, comercializada por $78 pela gigante do varejo.

No caso das Wirkins, ainda não tivemos um pronunciamento oficial da Hermès, mas vale lembrar que há alguns anos no Brasil a marca de luxo processou (e ganhou o processo contra!) a 284 (empresa de fast-fashion das irmãs Tranchesi), por comercializarem uma bolsa semelhante à Birkin, feita com tecido de moletom.

Fonte: Migalhas

O que faz uma cópia ser considerada legítima e outra não, então?

“Eu acho que essa coisa de superfakes é sobre algo que diz ser algo que na verdade não é. Você está usando uma coisa que está comunicando para a sociedade ‘olha eu tenho isso’, mas na realidade você não tem aquilo. É como se você estivesse usando uma máscara: como você está usando algo que não é o que diz ser, em última análise você está fingindo ser algo que você não é de verdade. E, para mim, que não trabalho em um meio de exposição e não convivo com esse meio, eu não iria querer conviver com pessoas que me aceitam (ou não) com base no que eu uso. Prefiro ser aceita pelo que eu sou, pelo que eu ofereço para a mesa. Claro que a gente vive em um mundo materialista e eu sei que as minhas relações também tem a ver com contexto socioeconômico, mas isso não me faz sentir necessidade de comprar algo para querer ser mais. E aí fica um questionamento de ‘onde estamos como sociedade?’, porque se existe uma pressão da sociedade que é preciso ter determinada coisa para você poder ser determinada coisa ao ponto de que as pessoas sintam que precisam de dar um jeito para poder possuir esses objetos a qualquer custo, em que ponto chegamos com o materialismo propagando nas redes sociais e na influência digital?”

zelier que é contra as superfakes (identidade preservada para fins dessa matéria)

Aliás, outro aspecto fascinante sobre o fenômeno das superfakes (que ganhou força com as Wirkins) é o fato de algumas pessoas, especialmente os GenZs, não terem problema em admitir abertamente que aquilo é uma cópia, um dupe ou uma superfake.

Em muitos casos, isso vem até com um certo orgulho, como se encontrar um "hack no sistema" fosse um troféu. Em vez de pagar preços exorbitantes por um item de luxo, as superfakes permitem com que você ostente algo quase idêntico, mas por uma fração do custo. 🏅 

Esse comportamento é ainda mais compreensível diante das recentes exposições de marcas de luxo que, embora se vangloriem de processos éticos e artesanais, têm sido denunciadas por práticas duvidosas. Um exemplo é a Lady Dior, que custa apenas $57 para ser produzida (e é comercializada por mais de $2,800), ou a Loro Piana, que submete alguns agricultores a trabalhos voluntários no Peru, enquanto vende um único suéter por 9 mil dólares. 👀 

A questão dos superfakes é complexa, especialmente quando pensamos na relação entre moda, luxo e desigualdade. As redes sociais exaltam o luxo como algo desejável, mas distante para a maioria. Muitas pessoas consomem esse universo apenas de forma virtual, já que as peças estão fora de alcance. É frustrante se encantar por algo e perceber que o preço o torna inacessível, criando uma sensação de exclusão e reforçando barreiras sociais.

Os superfakes, embora sejam apenas imitações, acabam sendo uma alternativa para quem não pode pagar pelo original. Eles permitem que essas pessoas tenham algo próximo do que sempre desejaram, mesmo que de forma diferente. Isso faz pensar sobre o significado real desses itens: é só o objeto em si, ou o que ele representa em uma sociedade marcada por tantas desigualdades?

zelier que é a favor das superfakes (identidade preservada para fins dessa matéria)

Essa combinação — uma certa revolta com o sistema e o desejo amplificado pelas redes sociais — cria a tempestade perfeita para as superfakes. Elas não são apenas uma alternativa mais acessível, mas também uma espécie de resposta à hipocrisia percebida no mundo do luxo.

Confessamos que quando nos propusemos a escrever essa matéria, a ideia era trazer uma conclusão clara e concisa sobre o universo das superfakes.

No entanto, investigar esse mundinho deixou a gente com mais perguntas do que respostas: O que define o valor real de um produto de luxo? Quem consome as superfakes o faz por escolha ou por falta de opção? Existe originalidade no mundo moderno? Seriam as superfakes uma crítica ao sistema ou um reflexo dele?

ps: se você quer se aprofundar no tema, recomendamos a leitura desse artigo da revista Piauí e também esse episódio do podcast da Camila Fremder.

Toc, Toc! Tem alguém aí? 🚪👋 

Hello, Marcela!! 💗 Conta pra gente, quais são as 3 coisas que estão alugando um TRIPLEX na sua cabeça nos últimos tempos?

Oi, gente!! sou maquiadora profissional ~ artista da beleza~ a 10 anos. Amo tudo que envolve arte, cores, makes e moda. Sou do signo de escorpião. Acredito numa moda política, e que a maquiagem também é. 🤝 ✨ 

Os seus highlights preferidos do mundinho fashion desta semana! ✨ Clicando no botão abaixo, você confere todas as notícias. 💖 💊

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Prêmio de lançamento mais LEGAL da semana!!! A Océane anunciou o lançamento da Star Acne Patches que são, nada mais, nada menos, que adesivos secativos com ácido salicílico e óleo de tea tree na fórmula! Garantindo que a gente trate da acne enquanto fica hiper COOL! Achamos a ideia genial e queremos pra ontem!!! 🌟🌟🌟🌟🌟

Lewis Hamilton x Ferrari

Que momentoOoOO para os fãs de F1! Lewis Hamilton dirigiu pela primeira vez um carro da Ferrari! O público prestigiou - e foi a loucura - vendo o heptacampeão conduzir o veículo durante um teste na pista privada de Fiorano, na Itália. 🇮🇹 

"Há alguns dias que você sabe que vai lembrar para sempre, e hoje, o meu primeiro como piloto da Ferrari, é um desses dias. Tive a sorte de conquistar coisas na minha carreira que nunca imaginei ser possível, mas uma parte de mim sempre manteve o sonho de correr de vermelho. Não poderia estar mais feliz em realizar esse sonho hoje.” FOFO! 😭 

Por aqui, ficamos na ansiedade pelo início da temporada 2025 da Fórmula 1, que acontece dia 16 de março!

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É só mandar um e-mail para [email protected] com seu nome, idade, data e hora (se aplicável) e a ocasião que você precisa de um look que a gente te ajuda com o resto!

Até semana que vem! 💚

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