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Afinal, o que é ser "alternativo"?
Nunca foi só uma fase, mãe!
Deixa eu adivinhar? 🔮 Durante a pandemia você usou quantidades absurdas de blush, fez corações de delineado no rosto, bebeu litros e mais litros de Monster e declarou todo o seu amor pela letra de “Fluorescent Adolescent” do Artic Monkeys (até porque o Alex Turner é o único homem do mundo que entende os seus sentimentos). Acertei? E aqui vai mais um palpite: a sua fase alternativa durou no máximo 1 mês de pós-pandemia 🙈
Um fato sobre o mundo da moda é que trends vão e voltam. E pra nossa surpresa, em 2020 as trends se voltaram justamente pra quem ia contra elas: ser alternativo e fazer parte de uma contracultura, de repente, era cool. Mas no fim das contas, será que ser alternativo é só ter habilidades BIZARRAS na hora de fazer delineado? Escutar tal artista? Usar tal peça? Ou será que é mais um estado de espírito?
*ler na voz do narrador da Globo Repórter* ALTERNATIVOS: Onde vivem? O que fazem? Do que se alimentam? Hoje, na Newsletter da Zelia 📸

Se você cresceu nos anos 2000, não tinha como não ser OBCECADA pela Pitty! / Reprodução: Spotify
UMA BREVE HISTÓRIA DO ROCK 🤘
Eu queria muito começar essa news contando sobre como minha família sempre foi apaixonada por rock e como eu cresci escutando Bon Jovi nas viagens de carro. Mas isso seria mentira, até porque aqui em casa somos fãs de um bom pagodinho e fechados com Pixote e Belo (sorry, Gra!) 🙃
Mas isso não impede ninguém de apreciar a história do Rock não só como um gênero musical, mas como um símbolo cultural. É fato: o surgimento do Rock N’ Roll como conhecemos hoje deu origem a uma série de outro gêneros musicais e a criação de toda uma identidade.
Vai falar que você não lembrou de algum personagem clássico de série adolescente nesse exato momento? 🐈⬛

Jamie Lee Curtis e Lindsay Lohan em “Sexta-feira muito louca” (2000) / Reprodução: Pinterest
Assim como muitos dos nosso gêneros musicais queridinhos, o Rock N' Roll surgiu dentro da comunidade negra dos Estados Unidos! Durante os anos 1950, o ritmo marcava uma transição do Rhythm and Blues pra algo com uma batida mais rápida e com um som de guitarra mais distorcido. Isso numa época em que o pop era um ritmo calmo e conciso! Mas é claro que o Rock não se popularizou como um produto da cultura negra...
Em 1960 surge ele: Elvis Presley! E ele era tudo que a indústria do Rock precisava pra emplacar o ritmo: sexy, ousado, talentoso e branco. Fato é, o Elvis mudou a forma como a indústria da música no geral funcionava! A partir dele, os astros do rock ditavam a moda dos seus fãs (fangirls, aqui estão os seus ancestrais!). Com o tempo, o Rock foi abrindo um espaço pra estilos diferentes do mainstream: mais andrógino, mais rebelde e com aquele ar de pessoa que não liga pra opinião dos outros.
Começava a revolução das contraculturas…

Reprodução: Spotify
Então a gente já tinha: 1. Um gênero musical super diferente do que galera tava acostumada a escutar; 2. Um juventude que levava em conta os gostos dos seus ídolos religiosamente; 3. Um momento político marcado por conflitos mundiais, crises econômicas e uma sensação de desamparo.
ORA ORA! A RECEITA PERFEITA PRO SURGIMENTO DE NOVOS MOVIMENTOS CULTURAIS! Sabe quando na história da arte o Renascimento surge em contrapartida à Arte Medieval? E depois o Modernismo vem em contrapartida ao Renascimento? As contraculturas surgem mais ou menos como algo parecido.
Se você leu a nossa última news (A moda é feia?), você deve ter visto um pouco sobre como os hippies surgem nos anos 70, com a suas roupas boho super coloridas e um estilo mais relaxado (muito parecido com o que os it boys da época, os ✨Beatles✨ estavam usando - provando que o mundo e a moda devem MUITO às fangirls).
No fim dos anos 70, o Black Sabbath e outras bandas surgem das cinzas pra trazer ao metal uma voz! Era protesto em forma de música. Algo que parecia Hard Rock, mas era muito mais potente e com um riff mais “distorcido”. Toda essa rebeldia, se refletia também no estilo dos headbangers (sim, não são só os K-popers que tem nome de fandom)!
E é claro, nesse meio tempo surge também o Punk, mas vocês devem estar cansadas de falar sobre ele…

Show do Black Sabbath! / Reprodução: Pinterest
“Ser alternativo pra mim é ser autêntico. É algo muito pessoal e também muito volátil, porque a gente tá sempre mudando e se sentindo de formas diferentes. Mas a parte mais legal disso tudo é não precisar se prender a nada, poder se expressar sem limites. E é muito massa quando se mantemos fiel ao que gostamos, mesmo com as críticas que eventualmente rolam!”
CONFISSÃO: EU FUI UMA CRIANÇA APAIXONADA POR PETER PUNK
“É inovador e revolucionário?” Com certeza! Quando eu era criança, o meu rádio tocava Belo mas na minha TV passava “Peter Punk”. Na série da Disney, o Peter tem uma família MALUCA por tudo que seja Punk (incluindo o cachorro que tem um moicano 🐶🤘). E pra uma criança de 6 anos, eles eram a referência do que era ser descolado!

Reprodução: Disney Chanel
Assim começa minha obsessão pelo movimento Punk (e pelo Grunge também). Enquanto o Rock mais glam à la David Bowie era mais sobre o espetáculo (e que espetáculo 😮💨), o Punk era sobre revolução. Na melhor combinação de Sex Pistols e Vivienne Westwood, o movimento era sobre a revolta ao conservadorismo e a liberdade de expressão. Seja na batidas muitos fortes, no cabelo spike, nas roupas rasgadas ou nas jaquetas de couro. O Punk era um estilo de vida que combinava o poder de moda, música e política.
(e sendo uma criança esquisita: NÃO TINHA COMO NÃO FICAR DESLUMBRADA)

Reprodução: Pinterest
Eiii, foi aqui que pediram um fun fact?🤓 Lembra dos Artic Monkeys? Uma das músicas mais hypadas deles é com certeza “I Wanna Be Yours”. Sim, Gen Z, eu sei que essa música vai tocar no seu casamento 🫵
O que pouca gente sabe é que na verdade ela é uma adaptação de um POEMA PUNK! Provando que punk é arte, o John Cooper Clark faz parte de uma leva de artistas que trouxe toda essa rebeldia pro mundo dos versos e estrofes. “I Wanna Be Yours” virou um clássico inglês que é tão lido no Ensino Médio quanto a gente lê que a minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá! E então, o Alex Turner resolveu transformar o poema (com algumas adaptações) numa música!
“Pra mim ser alternativo é ser autêntico, mas principalmente ser politizado e não aceitar estar inserido em qualquer norma vigente, não se contentar com o mundo da forma que ele é, e lutar para que todas as pessoas possam ser ouvidas e não serem oprimidas, seja por estilo, religião, gênero ou sexualidade.”
GÓTICA (e nem um pouco) SUAVE 🥀
E aí, meus trevosinhos? Lembra da dança das cadeiras dos movimentos artísticos/contraculturas? Pois bem, muita gente considera o surgimento dos góticos como um momento pós-Punk 😮
Misturando o preto e os spikes do Punk com a arte gótica do Período Vitoriano: aqui, arquitetura e literatura influenciam a moda. Seja nas grandes catedrais ou na melancolia de Edgar Allan Poe, os góticos eram sobre a introspecção, sobre a fragilidade da vida. 🖤 O preto vira a cor queridinha, representando uma persona romântica e dramatizada em meio a uma sociedade caótica. Nas roupas, aquele ar vitoriano e cheio de acessórios e detalhes.
Mas, o grande marcador dos góticos é com certeza a MAQUIAGEM BABADEIRA. Inspirado naquele visual vitoriano que era feito (literalmente) pra parecer com um d3funt0! Além da cara bem pálida, as sobrancelhas finas e os grandes precursores do delineado gráfico marcam uma beleza que é praticamente artística!
@volco_spams @khøda @Kaihama54 here you go pookies #goth #gothmakeup #gothmakeuptutorial #altmakeuptutorial #alternative #foryou #foryoupage #fyp #fypage
Ah, e não é só na música e na moda que os góticos foram influentes! Afinal, falando de dramaticidade nada melhor do que pensar em CINEMA! Pra muitas pessoas, a versão de 1979 de “Nosferatu”, dirigida por Werner Herzog, é considerada um exemplo do movimento gótico nas telinhas.

Porque nósss mulheres meio Nosferatu! / Reprodução: Pinterest
"Meu estilo representa só ser eu mesma. Eu não ficar ligando pra opinião de outras pessoas. E depois de um tempo né, com esse estilo chamativo, quem diria que eu iria me encontrar na subcultura gótica? Porque eu já tinha ideologia política, e quando eu vi eu já estava consumindo muita da subcultura, como a música, a literatura, o cinema. Na minha opinião, ser alternativo vai muito além de aparência. Ser alternativo vai mais pelo o que você luta, você não seguir o padrão imposto pela sociedade."
“COMO VOCÊ ENXERGA COM ESSA FRANJA?” 🙄
E finalmente chegamos ao início dos anos 2000! 🥳 “My Chemical Romance”, “Simple Plan” e aparentemente “Restart” dominavam os rádios de uma galera que era ao mesmo tempo trevosa e colorida. Desde os anos 80, um pessoal do punk hardcore vinha experimentando uma música com letras mais sentimentais… mais EMOtivas!
No Tumblr, os jeans skinnys, as gravatas e as franjas laterais do “Blink-182” e do “Panic! At The Disco” são o AUGE da moda. E no Brasil, é difícil fugir da trend da calça colorida.
A verdade é que (pra além dos memes) os EMOs criaram uma geração de adolescentes que mais tarde virariam adultos preparados pra uma reforma de pensamento como a gente viu em 2016 (e tá bom, eles eram meio dramáticos sim, mas isso é coisa de adolescente!)
@lewishancoxfilms did I cover everything lolol? <3 #emo #2000s #2010 #y2k #millennials #nostalgia #comedy #funny #reels #fyp
E tudo isso pra chegarmos até a MINHA pré-adolescência 🎤 PASSA O MIC PORQUE AQUI EU TENHO MUITA PROPRIEDADE PRA FALAR!
Os indies eram a sensação de 2016. Pra ser cool, você tinha que usam suspensórios, ter uma rede social suuuper alternativa chamada “Instagram” (não sei se vocês já ouviram falar 😉), ouvir Lana Del Rey em looping e postar quotes do John Green porque ele era O MOMENTO!
Em 2020, o indie, que antes surgiu enquanto um movimento musical de bandas INDEpendentes, se mescla com o VSCO girl pra criar uma estética colorida. E mesmo sendo fruto do TikTok, o que foge muito dos princípios de uma contracultura, o indie “cores saturadas” tem algo essencial que tornava as pessoas “alternativas”: em meio a uma pandemia, ele era o movimento que trazia um pouquinho de voz e felicidade pra juventude 🌈

Confissão: eu colecionava latinha de Monster / Reprodução: Instagram
“Na minha percepção, estilo não é sinônimo de ser alternativo. Não é nem de longe algo estritamente estético. Na minha opinião, o que te encaixa num estilo e subcultura é a forma que a sua alma se molda, faz algum sentido? (risos) A música que você escuta, a sua maneira de enxergar o mundo, a sua capacidade em não julgar o modo de expressão alheio, mas militar sobre questões sociais e usar algum privilégio seu visando mudar algo no mundo: se desconstruir dos moldes padrões da sociedade.”
SERIAM OS MANDRAKES OS ALTERNATIVOS BRASILEIROS?
Esse é o momento em que você descobre que na verdade essa news é uma grande reflexão sobre uma polêmica do Twitter 👏
Volta e meia, alguém levanta a bandeira de que os MANDRAKES são a cultura alternativa brasileira mais bem sucedida. E realmente, o funk cumpre todas as características que a gente viu em outras subculturas:
1. É a voz de um grupo marginalizado;
2. Fala sobre política e sobre o momento social em que a gente vive;
3. Produz cultura e tem uma identidade própria;
4. É palco de uma resistência.
não é meu take, mas me arrisco dizer que o estilo Mandrake, como segmento alternativo, é muitissimo original, já que é totalmente brasileiro e oriundos de grupos sociais marginalizados. nada mais alternativo que isso
— dra hello kitty (@reboleitioon)
4:37 PM • Dec 15, 2024
Mesmo assim, o tópico “mandrakes = alternativos” ainda é algo muito polêmico. Como a gente viu, a maior parte dos alternativos que surgiram até hoje (com base no surgimento do Rock), tem a sua origem na cultura preta mas que cresceu como movimento a partir de um artista branco (no caso, o Elvis). E é a partir daí surgem vários movimentos que criam a noção do que é contracultura.
No Brasil, com os Mandrakes, a história se repete: a contracultura mandrake, não é considerada uma contracultura justamente por ser um movimento preto e periférico. Qual seria, então, o fator definitivo para considerar um movimento algo alternativo?
O que é irônico é que quando a gente fala de subculturas de outras países, elas não necessariamente precisam estar ligadas ao dark ou ao punk pra serem consideradas alternativas. O Japão, por exemplo, ama uma excentricidade e é o berço de contraculturas como as Harajukus e as Gyarus!

O “Gyaru” é um estilo japonês que tem como princípio ir contra os padrões de beleza orientais. / Reprodução: Pinterest
No fim das contas, mais do que buscar uma definição absoluta do que é “ser alternativo”, talvez seja sobre refletir sobre o que a polêmica dos Mandrakes e a história do Rock n’ Roll tem em comum: Por que os movimentos culturais negros e periféricos incomodam tanto?
Toc, Toc! Tem alguém aí? 🚪👋

Hello, Sergio!! 🤍 Conta pra gente, quais são as 3 coisas que estão alugando um TRIPLEX na sua cabeça nos últimos tempos?
Videomaker e observador do cotidiano. Aquariano nato com doses intensas em Leão, viva os intensos, não é mesmo?! 💫 ♒️



Os seus highlights preferidos do mundinho fashion desta semana! ✨ Clicando no botão abaixo, você confere todas as notícias. 💖 💊
SABRINA & DOLLY
Não satisfeita em entregar uma das capas mais lindas da Vogue, Sabrina, na madrugada de quinta para sexta, soltou despretensiosamente sua nova versão de "Please Please Please", com participação de ninguém mais, ninguém menos que Dolly Parton.
Além desse remix, nossa Expresso Girl lançou cinco novas faixas deluxe do seu álbum Short N’ Sweet. Bom, se você estava pensando no que fazer nesta sexta-feira, já pode pegar seu vinho e ouvir as novas músicas da loirinha.🍦
NV FAZ SUA ESTREIA NAS PASSARELAS
A NV, marca de moda fundada por Nati Vozza há 12 anos e integrante do Grupo AZZAS 2154, realizou seu primeiro desfile na última terça-feira, 11 de fevereiro. O evento aconteceu na Hípica Santo Amaro, em São Paulo, e foi transmitido em tempo real para as 23 lojas da marca espalhadas pelo Brasil.🤠
Batizado de Voyager, o desfile apresentou a coleção Fall Winter 25, que une elementos do estilo Western ao Boho Chic. A coleção trouxe silhuetas fluidas e volumosas, destacando texturas como jacquard e couro, além de bordados que equilibram o toque rústico com uma sofisticação moderna.
Tá precisando de ajuda com um look/ocasião?#Meajudazelia ✨

É só mandar um e-mail para [email protected] com seu nome, idade, data e hora (se aplicável) e a ocasião que você precisa de um look que a gente te ajuda com o resto!
Até semana que vem! 💚
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